Portugueses apostam online 15 milhões de euros por dia

O recorde de procura das plataformas na net para jogar pode encontrar explicação no confinamento - os casinos físicos estiveram encerrados. O ano passado terminou com mais de 70 mil a pedirem para ser impedidos de jogar.

A segunda metade de 2020 deixa um marco na história das apostas online em Portugal. Foi o período em que os portugueses mais apostaram, fosse nos sites dos casinos ou nos das apostas desportivas. Segundo o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, no segundo semestre foram apostados 3159,6 milhões de euros, acima dos 2532,6 milhões registados entre janeiro e junho.

No total, as casas de apostas (casinos e desportivas) receberam 5692,2 milhões de euros no ano passado - cerca de 15 milhões de euros de apostas por dia -, o que se traduz num valor recorde.

Esta procura pelo jogo online refletiu-se igualmente na receita bruta das empresas detentoras de licenças: 336,3 milhões após o pagamento de prémios.

Foi mais um recorde comparando com os dados entre 2017 e 2019: 122,6 milhões, 152,1 milhões e 214,7 milhões, respetivamente.

O imposto recolhido pelo Estado também subiu no último trimestre: mais 39,9 milhões de euros. No total do ano as empresas detentoras das 25 licenças (11 para a exploração de apostas desportivas à cota e 14 para exploração de jogos de fortuna e azar) entregaram 108,2 milhões de euros ao fisco.

Preferência pelos casinos

No jogo online os casinos - que terão beneficiado do encerramento das estruturas físicas - são quem maior volume de apostas recolhe. Segundo o Relatório do 4.º Trimestre de 2020 - Registo da atividade de jogo online em Portugal, os portugueses apostaram 4884,1 milhões de euros nos jogos de fortuna e azar e entre estes a escolha recai nos jogos de máquinas que representam mais de 71% do total de apostas neste particular.

Seguem-se a roleta francesa (13,64% do total) e as apostas em blackjack/21 e em jogos de póquer ("não bancado" e em "modo torneio"), que juntos correspondem a 5,84% do total.

No caso das apostas desportivas à cota - em que se aposta em vários itens de um jogo e que também enfrentou a paragem do desporto durante alguns meses - a modalidade preferida foi o futebol, com 86,72% do total de apostas. As escolhas seguintes foram o basquetebol e o ténis, respetivamente com 5,21% e 4,86% das escolhas dos jogadores.

Entre os 18 e os 34 anos

O documento do SRIJ tem também um retrato de quem está registado nas diversas plataformas de jogo. E essa radiografia mostra que 60,6% dos apostadores tem entre os 18 e os 34 anos, com maior prevalência na faixa etária dos 25 aos 34 (37,7%). Na análise dos dados fica a saber-se também que 65,7% dos novos jogadores que tinham sido registados até 31 de dezembro do ano passado tinham entre os 18 e os 24 anos. A terceira faixa etária que mais joga online está entre os 35 e os 44 anos.

Uma tendência que os serviços do SRIJ detetaram foi que nos três últimos três meses de 2020 cerca de 28,6% dos jogadores jogaram quer nas apostas desportivas à cota quer nos jogos de fortuna e azar. O que se traduz numa subida de 10,2%, quando comparado com o homólogo de 2019, e 6,6% relativamente ao terceiro trimestre de 2020.

No final do ano passado 72 mil apostadores tinham pedido às diferentes plataformas para os impedirem de jogar, sendo que 88,3% não têm um período determinado de exclusão e os restantes estipularam uma data para voltarem a ser admitidos.

cferro@dn.pt

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