A economia portuguesa está a ganhar força desde a primavera, desde o segundo trimestre (abril a junho), inclusive, devendo crescer ligeiramente acima do previsto este ano, revelou o gabinete de estudos económicos da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. No entanto, os preços dos bens e serviços estão a subir mais do que o esperado e a inflação no consumidor foi revista em alta.O Necep, o grupo de investigação que trabalha no Centro de Estudos Aplicados da Católica, coordenado por João Borges Assunção, indica que "no terceiro trimestre de 2025, a economia portuguesa deverá ter crescido 0,6% em cadeia e 2,2% em termos homólogos, após 0,7% e 1,8% no trimestre anterior, respetivamente".Se assim for, trata-se do maior crescimento trimestral deste ano: a economia subiu 1,7% no primeiro trimestre de 2025 face a igual período do ano passado, depois avançou mais 1,8% no segundo trimestre e agora deve aumentar mais 2,2% em termos reais (descontando já a inflação) no período de julho a setembro, segundo o mesmo gabinete.Com estes resultados, o núcleo da Católica diz que "o ponto central da estimativa de crescimento anual da economia portuguesa em 2025 foi revisto em ligeira alta (0,1 pontos percentuais) para 1,8%, na sequência do crescimento robusto verificado no segundo trimestre, bem como da estimativa ora avançada para o terceiro trimestre".A 29 de agosto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou um crescimento real da economia de 1,8% no segundo trimestre. A estimativa rápida para o terceiro trimestre será revelada a 30 de outubro.Na quinta-feira, o Ministério das Finanças (MF) avançou, na proposta de Orçamento do Estado de 2026 (OE 2026), que a economia portuguesa deve crescer 2% este ano, bastante menos do que os 2,4% projetados em abril. Mas em 2026, o governo conta que acelere para 2,3%.Na terça-feira, o Banco de Portugal avançou com uma projeção anual de crescimento para 2025 de 1,9%, igual à do Conselho das Finanças Públicas (CFP). Mas manteve a previsão de 2,2% no ano que vem.O Necep também refere que "para 2026 e 2027, mantiveram-se as anteriores previsões [de há três meses] de 2% e 2,2%, respetivamente".Riscos lá fora e cá dentroSeja como for, "os intervalos de previsão permanecem elevados, fruto da incerteza em torno da evolução da economia mundial e europeia, num contexto (ainda) pautado pelo potencial impacto da enorme volatilidade da política comercial da administração norte-americana desde o início do ano", explica o grupo de economistas."Os riscos geopolíticos continuam ativos na Ucrânia e no leste europeu, mas no médio oriente surgiram iniciativas fortes de mediação. Apesar da tensão geopolítica e comercial, os mercados continuam a evidenciar alguma normalidade, com episódios confinados de volatilidade seguidos de forte valorização", sendo que no caso de Portugal, "as atenções estão agora viradas para a discussão do Orçamento do Estado para 2026, bem como para os atos eleitorais que se avizinham".Inflação regressaA inflação está menos contida, retirando mais poder de compra às famílias, sobretudo as menos abonadas.Segundo o núcleo de investigadores, "em Portugal, a inflação homóloga voltou a fixar-se em 2,4% no final do trimestre, mas com uma inflação subjacente [sem contar com energia e alimentos] de 2%".A variação em cadeia, entre trimestres, "foi elevada em setembro (0,9%), pelo que o fenómeno não parece estar, ainda, completamente controlado", diz o Necep."Desta forma, a estimativa da inflação em 2025 foi revista em ligeira alta de 2,3% para 2,4%, em linha com a inflação homóloga de setembro" e "na zona euro, a inflação total ficou-se por 2,2% no final do trimestre, pelo que o objetivo de médio prazo de 2% parece atingível nos próximos meses".Ou seja, mais um argumento para o Banco Central Europeu (BCE) parar de descer juros, como já sinalizou. Estes devem ficar em 2% até ao final de 2026 ou mais tarde.Sobre o mercado de trabalho, o grupo de analistas indica que o peso do desemprego deve subir ligeiramente acima dos 6%. "Em Portugal, a taxa de desemprego terá sido de 5,8% [da população ativa] no terceiro trimestre, com a perspetiva de 6,3% em 2025 e de 6,1% em 2026..Alívio no IRS leva Banco de Portugal a rever em alta crescimento deste ano, mas efeito é "temporário".Fluxo de entrada de imigrantes deve cair para quase metade nos próximos três anos