Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.Foto: PAULO SPRANGER / Global Imagens

Universidade Católica: economia portuguesa está a ganhar força desde a primavera, mas inflação está a piorar

"As atenções estão agora voltadas para a discussão do Orçamento do Estado para 2026, bem como para os atos eleitorais que se avizinham", indica núcleo de estudos da Católica, em Lisboa.
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A economia portuguesa está a ganhar força desde a primavera, desde o segundo trimestre (abril a junho), inclusive, devendo crescer ligeiramente acima do previsto este ano, revelou o gabinete de estudos económicos da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. No entanto, os preços dos bens e serviços estão a subir mais do que o esperado e a inflação no consumidor foi revista em alta.

O Necep, o grupo de investigação que trabalha no Centro de Estudos Aplicados da Católica, coordenado por João Borges Assunção, indica que "no terceiro trimestre de 2025, a economia portuguesa deverá ter crescido 0,6% em cadeia e 2,2% em termos homólogos, após 0,7% e 1,8% no trimestre anterior, respetivamente".

Se assim for, trata-se do maior crescimento trimestral deste ano: a economia subiu 1,7% no primeiro trimestre de 2025 face a igual período do ano passado, depois avançou mais 1,8% no segundo trimestre e agora deve aumentar mais 2,2% em termos reais (descontando já a inflação) no período de julho a setembro, segundo o mesmo gabinete.

Com estes resultados, o núcleo da Católica diz que "o ponto central da estimativa de crescimento anual da economia portuguesa em 2025 foi revisto em ligeira alta (0,1 pontos percentuais) para 1,8%, na sequência do crescimento robusto verificado no segundo trimestre, bem como da estimativa ora avançada para o terceiro trimestre".

A 29 de agosto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou um crescimento real da economia de 1,8% no segundo trimestre. A estimativa rápida para o terceiro trimestre será revelada a 30 de outubro.

Na quinta-feira, o Ministério das Finanças (MF) avançou, na proposta de Orçamento do Estado de 2026 (OE 2026), que a economia portuguesa deve crescer 2% este ano, bastante menos do que os 2,4% projetados em abril. Mas em 2026, o governo conta que acelere para 2,3%.

Na terça-feira, o Banco de Portugal avançou com uma projeção anual de crescimento para 2025 de 1,9%, igual à do Conselho das Finanças Públicas (CFP). Mas manteve a previsão de 2,2% no ano que vem.

O Necep também refere que "para 2026 e 2027, mantiveram-se as anteriores previsões [de há três meses] de 2% e 2,2%, respetivamente".

Riscos lá fora e cá dentro

Seja como for, "os intervalos de previsão permanecem elevados, fruto da incerteza em torno da evolução da economia mundial e europeia, num contexto (ainda) pautado pelo potencial impacto da enorme volatilidade da política comercial da administração norte-americana desde o início do ano", explica o grupo de economistas.

"Os riscos geopolíticos continuam ativos na Ucrânia e no leste europeu, mas no médio oriente surgiram iniciativas fortes de mediação. Apesar da tensão geopolítica e comercial, os mercados continuam a evidenciar alguma normalidade, com episódios confinados de volatilidade seguidos de forte valorização", sendo que no caso de Portugal, "as atenções estão agora viradas para a discussão do Orçamento do Estado para 2026, bem como para os atos eleitorais que se avizinham".

Inflação regressa

A inflação está menos contida, retirando mais poder de compra às famílias, sobretudo as menos abonadas.

Segundo o núcleo de investigadores, "em Portugal, a inflação homóloga voltou a fixar-se em 2,4% no final do trimestre, mas com uma inflação subjacente [sem contar com energia e alimentos] de 2%".

A variação em cadeia, entre trimestres, "foi elevada em setembro (0,9%), pelo que o fenómeno não parece estar, ainda, completamente controlado", diz o Necep.

"Desta forma, a estimativa da inflação em 2025 foi revista em ligeira alta de 2,3% para 2,4%, em linha com a inflação homóloga de setembro" e "na zona euro, a inflação total ficou-se por 2,2% no final do trimestre, pelo que o objetivo de médio prazo de 2% parece atingível nos próximos meses".

Ou seja, mais um argumento para o Banco Central Europeu (BCE) parar de descer juros, como já sinalizou. Estes devem ficar em 2% até ao final de 2026 ou mais tarde.

Sobre o mercado de trabalho, o grupo de analistas indica que o peso do desemprego deve subir ligeiramente acima dos 6%. "Em Portugal, a taxa de desemprego terá sido de 5,8% [da população ativa] no terceiro trimestre, com a perspetiva de 6,3% em 2025 e de 6,1% em 2026.

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