Paulo Macedo defende que as tarifas aduaneiras impostas pelo presidente dos Estados Unidos a mais de 60 país são uma das principais ameaças à economia mundial.O presidente da comissão executiva da caixa Geral de Depósitos (CGD), que falava esta quinta-feira, 2, na abertura da sessão ‘Encontros Fora da Caixa’, que decorre em Beja, subordinada ao tema ‘Patrimónios’, e que conta com o DN/DV como media partner, destacou as tarifas impostas pelos Estados Unidos como um dos principais desafios das alterações geopolíticas mundiais. "As tarifas podem ser um grande condicionador do crescimento económico. Condicionam o crescimento e geram inflação, trazem uma redução de margem a quem exporta e importa. Sabemos, também, que trazem uma importante receita, neste caso, aos Estados Unidos. Se estamos a discutir tarifas de 10% ou tarifas de 140%, a única certeza que temos é que as tarifas vieram para ficar enquanto os Estados Unidos tiverem uma dívida pública gigantesca como têm. E, portanto, não há uma questão temporária", atestou.O banqueiro refere que a economia mundial vive "uma era de mudança" desde janeiro de 2025. "É a partir daí que acontece um conjunto de implicações em termos de comércio mundial, em termos daquilo que são as alianças, os posicionamentos, aquilo que são as despesas públicas e os posicionamentos das universidades. Não é apenas uma mudança, é uma mudança em termos de de era", afirmou.Também o diretor de estratégia da Caixa Gestão de Ativos, empresa do Grupo Caixa Geral de Depósitos especializada na gestão de fundos de investimento mobiliário e imobiliário, concorda que o tema das tarifas belisca a espinha dorsal da economia global e destacou o atual cenário de "incerteza e de mudança" ."Este aumento substancial da incerteza também causou elevadas preocupações sobre o que é que poderia ser a moderação do crescimento económico nas principais economias. Felizmente, essa moderação tem sido muito mais modesta do que inicialmente se esperava", enquadrou Rui Martins durante a sua intervenção sob o mote 'Tendências económicas e de mercados financeiros'. "Atualmente, a expetativa é a de que as tarifas possam chegar aos 20% até ao final do ano, isto há 48 horas. Não sabemos o que é que vai ser, porque ontem o Supremo Tribunal norte-americano veio referir que poderiam ser ilegais, ou seja, o tema das tarifas está envolto em incerteza", salvaguardou. Numa análise mais fina, Rui Martins frisou que, apesar do clima de incerteza, "o aumento substancial" das tarifas ainda não travou a fundo as exportações para os Estados Unidos."Por enquanto, não estamos a ver o impacto, o comércio global tem dado uma relativa resposta", reiterou.