A região Norte captou até agora 890 milhões de euros de investimento em imobiliário comercial, valor que representa quase metade do total aplicado no setor em Portugal desde o arranque do ano, revela Cristina Almeida, head da JLL Porto. Para já, o país atraiu para o setor 1850 milhões de euros, sendo que os operadores estimam que o investimento possa ultrapassar os 2200 milhões de euros neste exercício. Para esta performance, contribuíram transações nas áreas da hotelaria, residências de estudantes, centros comerciais, escritórios, retalho e terrenos para projetos habitacionais.Essa dinâmica espelha-se também no crescimento exponencial dos preços das casas nas zonas premium do Porto e Gaia. Entre 2000 e 2024, verificou-se um aumento global de 28% no preço da oferta de habitação no Porto e de 77% em Gaia. Já Lisboa, dá sinais de maior contenção, com um crescimento de 13% no mesmo período. Na análise às transações nestes últimos quatro anos, Cristina Almeida concluiu que houve uma variação de 35% no custo das casas no Porto (o metro quadrado atingiu os 5560 euros) e de 129% em Gaia (4650 euros/m2). Como sublinhou, o concelho que partilha a foz do Douro com a Invicta tem agora valores apenas 16% abaixo dos praticados no município mais importante da região. Em Lisboa, mercado com escassez de oferta, a subida foi de 20%, com o metro quadrado a fixar-se em 8200 euros.Uma nova fozVila Nova de Gaia tornou-se um dínamo para a promoção imobiliária. O concelho é vasto, com frente de rio e extensa orla marítima. Tem também muitos terrenos disponíveis para construção, em desenvolvimento mais uma linha do metropolitano que irá ligar a cidade à zona ocidental do Porto e, em projeto, a linha de alta velocidade. Em simultâneo, estão a ser apresentados edifícios residenciais que respondem às atuais exigências dos compradores da classe média alta: modernos, sustentáveis, com zonas verdes e serviços. "Em Gaia, tem sido possível fazer estes projetos", frisa Cristina Almeida. Por isso, "está a crescer".As freguesias da Afurada e Canidelo, agora denominadas Foz de Gaia - como em tempos, a zona sul de Matosinhos ganhou o epíteto de Foz Norte (a Foz do Porto é a zona mais premium da cidade) -, apresentam um crescimento de preços excepcional. No período entre 2000 e 2024, o preço das casas em Canidelo aumentou 133% e 108% na Afurada, assim como em Santa Marinha, a principal freguesia deste concelho. Mesmo em Arcozelo, território menos urbano e já mais distante do Porto, a JLL está a vender um terreno para habitação que deverá atingir um valor que seria pouco comum há poucos anos. Ainda assim, a Foz do Porto continua a apresentar o preço mais alto por metro quadrado: 7230 euros.Segundo Cristina Almeida, estas variações em alta são impulsionadas pela procura, que é maioritariamente nacional. São famílias da classe média, que pretendem adquirir uma casa maior do que a atual, jovens, impulsionados pelas medidas de apoio à compra da primeira habitação, e investidores. A responsável da JLL pelo escritório do Porto aponta também outros factores para a valorização dos imóveis residenciais nos municípios centrais do Grande Porto: localização, infraestruturas, oferta cultural e educacional. O papel das autarquias, que dinamizaram o território, nomeadamente com a criação do Greater Porto, também foi relevante, defende. A promoção internacional dinamizada pela entidade permitiu inclusive que freguesias como o Bonfim, na zona oriental do Porto, se tornassem territórios em valorização crescente. Os dados da JLL apontam para uma subida de 105% no valor dos imóveis no Bonfim.Neste quadro, para responder à crise de acesso à habitação, Cristina Almeida defende mais construção e melhoria das acessibilidades. Na sua opinião, há também que mudar o paradigma, com uma "aposta clara no mercado de arrendamento que à data de hoje representa cerca de 10% do mercado imobiliário". .Número de casas vendidas este ano em Portugal vai chegar quase a 170 mil.Casa da Fotografia da Fujifilm estreia-se no centro do Porto