Os seniores portugueses estão preocupados com a sua situação financeira e dos seus familiares. Embora 64% considerem ter um rendimento idêntico ou até mais elevado face à da maioria dos trabalhadores nacionais, 47% afirmam que o seu poder de compra diminuiu nos últimos 12 meses, revela o estudo Observador Cetelem Consumo Sénior 2025. O relatório, que tem por base mais de 400 entrevistas a pessoas com idade superior a 55 anos, concluiu também que 40% ajudam familiares, normalmente os filhos, com dinheiro ou nas despesas. A maioria das pessoas com mais de 55 anos ainda está a trabalhar, e é por esta via que obtém a sua principal fonte de rendimento, sendo que em média 90% do salário é gasto em despesas fixas e variáveis. Apesar de só sobrar uma pequena fatia do rendimento no final do mês, esta população afirma a vontade de aumentar as poupanças mais do que as despesas nos próximos 12 meses. Este objetivo terá em conta a subida da idade da reforma - em 2025, para 66 anos e sete meses; em 2026, para 66 anos e nove meses -, e os cortes de 16,9% para quem decidir antecipar a pensão ainda este ano. São medidas que estão a gerar preocupação entre os futuros reformados. Até porque os rendimentos mensais são canalizados, na sua grande parte, para bens essenciais. Segundo o estudo, a alimentação é a categoria onde 96% dos seniores portugueses gastam mais dinheiro e também a que obriga a uma maior frequência de compras. Seguem-se as áreas da saúde (48%) e da habitação (36%) como as mais exigentes no que se refere a gastos. O vestuário e calçado é uma necessidade que é colmatada com oito compras, em média, por ano. Esta última categoria, assim como equipamentos eletrónicos e tecnológicos, são as que os seniores mais compram online. O estudo revela que 91% fazem compras pela internet, cerca de 15 vezes por ano, devido aos preços mais baixos (54%) e/ou à comodidade (46%).Os projetos dos seniores portugueses estão muito centrados em viagens (45% dos inquiridos gostava de viajar) e em realizar renovações/remodelações na casa. Neste item, 71% gostavam de tornar a habitação mais amiga do ambiente. A maioria (68%) já trocou as lâmpadas para led para tornar o gasto mais acessível, e 1/3 também já fez melhorias no isolamento. Há também a destacar que 20% ambicionam comprar novos equipamentos eletrónicos e tecnológicos. Esta população já utiliza esses aparelhos no dia a dia, mas 2/3 pede ajuda a familiares. As redes sociais são usadas quase diariamente, enquanto as aplicações são utilizadas, em média, dia sim, dia não.O estudo revela ainda que 59% dos seniores sente falta de produtos ou serviços adaptados às suas necessidades, com especial destaque para a alimentação saudável (27%), cultura e lazer (20%) e serviços ao domicílio (19%). Para além dos referidos passeios e viagens, o lazer, cultura e prática de exercício físico são as atividades que mais motivam esta população. O estudo concluiu que a maioria dos inquiridos considera que uma pessoa é sénior a partir dos 65 anos. Quatro em cada dez afirmou sentir-se mais jovem do que a idade que tem. O Observador Cetelem é um centro de estudos sobre consumo e de acompanhamento económico do BNP Paribas Personal Finance, entidade especialista em crédito ao consumo do BNP Paribas. O grupo está presente em 21 países, entre os quais Portugal, e emprega mais de 16 mil pessoas. .Em tempos de crise, gestoras centram investimentos em tecnologia e abandonam ESG.Portugal perde projetos de investimento direto estrangeiro com incerteza económica e política na Europa