A incerteza económica e política na Europa, e uma conjuntura de crescimento mais lento, fatores que afectam a confiança dos investidores, estão a tirar atratividade a Portugal enquanto destino de investimento direto estrangeiro (IDE). O país ocupa agora o 9º lugar no ranking dos países europeus com mais potencial para projetos de IDE, tendo caído duas posições, avança o EY Attractiveness Survey Portugal 2025, que avalia a perceção dos investidores estrangeiros relativamente à atratividade do país. De acordo com o relatório da consultora, Portugal atraiu 196 projetos de investimento estrangeiro no ano passado, valor que representa uma quebra de 11% face ao exercício de 2023. Numa análise mais detalhada, verifica-se que o país garantiu 146 novos projetos, um aumento de 21%, mas registou uma quebra de 50% nos investimentos de expansão de operações, que se ficaram pelos 50. No total, representam um investimento de 1,86 mil milhões de euros, menos 13% do que no exercício transato.O top 10 dos países europeus mais atrativos para IDE é liderado pela França, que captou 1025 intenções de investimento, ainda que tenha registado uma descida de 14%. Segue-se o Reino Unido, com 853 projetos, uma redução de 13%. O pódio fecha com a Alemanha, que garantiu 608 investimentos, observando a maior quebra entre os países europeus mais atrativos para IDE, de 17%. Os Estados Unidos da América (EUA) são a origem do maior número de projetos de investimento em Portugal pelo segundo ano consecutivo. De terras do Tio Sam chegaram 32 investimentos, um peso de 16,3% no total dos planos. A Alemanha apresentou 24 intenções (12,2% de quota), 23 vieram de França (11,7%), e igual número do país vizinho. O Reino Unido respondeu por 17 (8,7%). Com excepção de Espanha, todos estes países retraíram ou estabilizaram os seus investimentos em Portugal. Já o Brasil, o último da lista dos principais dinamizadores de IDE no país, apresenta um contínuo interesse em apostar em terras lusas desde 2022. Embora a quota continue a ser inferior à dos outros parceiros - em 2024, foi de 8,2% -, “registou-se um aumento substancial no número de investimentos realizados entre 2022 e 2024, quase triplicando o valor”, sublinha o relatório. No ano passado, o Brasil somou 36 projetos de IDE na Europa, dos quais 16 em Portugal, o que poderá ser justificado pela “posição geográfica estratégica do país em relação às Américas e as semelhanças culturais”, diz a EY. A consultora defende inclusive que o Brasil pode posicionar Portugal “como uma porta de entrada para o IDE proveniente dos países americanos para a Europa”.Em suma, o relatório demonstra que o IDE de origem europeia passou de um peso de 73% em 2022 para 66% em 2024, enquanto o de fora da Europa ascendeu de 27% para 34% (66 projetos) no mesmo período. Esta perda de peso da Europa “pode explicar-se pelo abrandamento da economia europeia”, considera.Em linha com os anos anteriores, os setores de software e serviços de tecnologias de informação continuam a liderar o investimento estrangeiro em Portugal, com um total de 137 projetos em 2024, ainda assim com uma quebra de 23 intenções face a 2023. Logo a seguir, mantém-se o setor dos serviços às empresas e serviços profissionais, embora também com uma descida de 21%. Já a indústria transformadora viu o número de projetos aumentar 28% no espaço de um ano. Este reposicionamento da indústria “poderá sinalizar as primeiras etapas de uma reindustrialização em Portugal, à medida que o país começa a beneficiar de uma segunda vaga de relocalização industrial na Europa, impulsionada pela procura de polos industriais rentáveis, estáveis e estrategicamente localizados dentro da UE”, diz o estudo. A confirmar-se esta tendência, Portugal poderá atingir “segmentos mais tecnologicamente avançados e resilientes das cadeias globais de fornecimento industrial”.Segundo o estudo da EY, os investidores optam por Portugal para estabelecer ou expandir as suas operações devido à mão de obra qualificada, competitividade em termos de custos e o acesso a novos mercados e clientes. O documento foi elaborado com base em inquéritos a 200 investidores de diferentes origens: Europa Ocidental (54%), América do Norte (17%), Europa do Norte (18%), Ásia (6%) e Brasil (5%). .Indústria do mar quer recrutar mais de mil pessoas em Lisboa.Sem imigrantes, promessa das 133 mil casas até 2030 será difícil de cumprir