Lucros da TAP recuam 70% para 54 milhões de euros em 2024
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Lucros da TAP recuam 70% para 54 milhões de euros em 2024

A queda dos lucros registada no ano passado foi impactada "por provisões laborais extraordinárias e perdas cambiais", refere a TAP.
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A TAP registou em 2024 lucros pelo terceiro ano consecutivo, mas o resultado líquido positivo de 53,7 milhões de euros representou uma redução de 123,5 milhões de euros, ou seja 69,7%, face ao ano anterior (177,3 milhões). Uma queda nos lucros maioritariamente impactada "por provisões laborais extraordinárias e perdas cambiais", informou esta quarta-feira a empresa.

“Os resultados de 2024 confirmam a trajetória de recuperação da TAP iniciada nos últimos anos. Pelo terceiro ano consecutivo, a TAP apresentou um resultado líquido positivo, suportado pelo aumento das receitas e pela estabilização dos resultados operacionais", destacou Luís Rodrigues, presidente executivo da TAP, em comunicado.

Na nota, o responsável realçou que "o contínuo aumento da pontualidade e regularidade confirmam uma operação mais robusta e resiliente", reconhecida pelos clientes através do aumento significativo do NPS (Índice de Satisfação do Cliente) face a 2023.

A empresa destacou os resultados positivos de 2024, referindo que, em comparação com 2019, antes da pandemia, registou-se um aumento de 149,4 milhões de euros.

Luís Rodrigues sublinhou, no mesmo comunicado, que os resultados “foram conseguidos num ano muito desafiante, marcado por um aumento relevante da concorrência" nos principais mercados da companhia aérea, por "fortes desvalorizações cambiais, desafios operacionais, nomeadamente no controlo de tráfego aéreo e eventos meteorológicos adversos, e constrangimentos estruturais, como o limite de aeronaves”.

Para o presidente executivo da transportadora, “2025 será igualmente um ano desafiante". Será "também o último ano do plano de restruturação, no qual continuaremos focados na transformação da TAP numa companhia sustentadamente rentável e numa das mais atrativas da indústria, contanto com o apoio e compromisso das nossas pessoas e dos nossos stakeholders”, afirmou Luís Rodrigues.

No último trimestre de 2024, segundo as contas da transportadora, o resultado líquido foi negativo em 64,5 milhões de euros, uma queda de 38,2 milhões de euros (145,8%) em comparação com o quarto trimestre de 2023, "principalmente impactado por provisões laborais não recorrentes".

Situação que a transportadora associa ao reconhecimento da "provisão extraordinária" depois de, a "11 de dezembro de 2024", ter sido "proferido um acórdão uniformizador de jurisprudência pelo Supremo Tribunal de Justiça relativo à reclassificação de tripulantes de cabine na sequência da nulidade do termo do contrato".

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Em 2024, as receitas operacionais da TAP totalizaram "um novo máximo histórico de 4.242,4 milhões de euros, um aumento de 0,7% face a 2023 e 28,6% acima dos níveis de 2019".

No ano passado, a TAP transportou um total de 16,1 milhões de passageiros, o que significa um aumento de 1,6% em relação a 2023, "atingindo 94% dos valores alcançados em 2019". "O número total de voos operados diminuiu 1,5% face a 2023, atingindo 86% dos níveis pré-crise" pandémica, indicou a transportadora.

A TAP referiu ainda o "forte desempenho do segmento de manutenção", com um aumento de 44,6%, em particular na atividade da oficina de motores, que também contribuiu para o crescimento das receitas da transportadora.

Já os custos operacionais recorrentes aumentaram 0,8% em termos homólogos, atingindo 3.859,8 milhões em 2024.

O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente atingiu 875,3 milhões em 2024, com uma margem de 20,6%, aumentando 3,7 milhões ou 0,4% em comparação com 2023.

O EBIT (resultado antes de juros e impostos) recorrente registado no ano passado totalizou 382,7 milhões, com uma margem de 9%, representando uma diminuição de 3,2 milhões de euros ou de 0,8%, "refletindo um nível de rentabilidade consolidado, em linha com 2023, acomodando com sucesso os novos Acordos de Empresa e o aumento dos custos com pessoal", lê-se no comunicado.

A TAP indicou ainda que a 31 de dezembro, a empresa apresentava uma posição de liquidez sólida de 651,6 milhões de euros, excluindo a terceira tranche de capital de 343 milhões, executada pelo Estado a 17 de janeiro de 2025.

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TAP vai abrir três novas rotas para os EUA

No comunicado, a companhia aérea refere as perspetivas para este ano ao indicar que "irá abrir três novas rotas" para os Estados Unidos, "com voos de Lisboa para Los Angeles e São Francisco via Terceira, e do Porto para Boston, reforçando a conectividade transatlântica".

"Adicionalmente, a TAP continuará a sua estratégia de modernização da frota, com a entrega prevista de um A320 NEO e dois A321 NEO, reafirmando o seu compromisso em manter uma frota moderna e eficiente", acrescentou a empresa.

Na nota, a transportadora diz esperar "que a concorrência nos principais mercados se intensifique". "Além disso, as margens operacionais deverão ser impactadas pelo aumento dos custos e pela incerteza macroeconómica, incerteza essa que poderá afetar tantos os custos como as receitas", declarou a companhia aérea.

Referiu, por fim, que o "plano estratégico está em curso para preparar a TAP para pós Plano de Restruturação, com o foco contínuo na sustentabilidade financeira e eficiência operacional".

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