"Estaremos particularmente atentos aos salários" e "falámos bastante sobre a questão dos salários" na reunião do Banco Central Europeu (BCE), que decorreu esta quarta e quinta-feira, em Frankfurt, revelou a presidente da autoridade monetária."Os custos unitários do trabalho cresceram a uma taxa ligeiramente superior à do segundo trimestre" e "a remuneração por trabalhador aumentou 4% em termos anuais, um valor superior ao esperado nas projeções [dos especialistas do Eurossistema] de setembro e isso deveu-se a pagamentos acima dos salários negociados [como na contratação coletiva]", avisou Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira, na conferência de imprensa que se seguiu aos dois dias de reunião de política monetária e de taxas de juro.Este aviso não é novo, mas no encontro desta quinta em Frankfurt, o BCE sobe ligeiramente o tom, dizendo até que a incerteza pode estar a piorar. Recentemente, o BCE reforçou a tónica de que a evolução dos salários é crítica para poder manter a inflação e os juros estáveis nos 2% atuais.A ideia é que a evolução dos salários deve abrandar e ser muito mais moderada, sobretudo no setor dos serviços, porque está a afetar a evolução prevista da inflação.Há pouco mais de uma semana, no Parlamento Europeu, na comissão de economia e finanças, Lagarde explicou que "a redução da inflação em direção à nossa meta de médio prazo [2%] foi sustentada por uma moderação gradual do crescimento dos salários, que passou de um pico de 5,7% no segundo trimestre de 2023 para 3,9% no mesmo trimestre deste ano"."Falámos bastante" sobre saláriosMas, volvido pouco mais de uma semana, a mesma Lagarde indica que a incerteza sobre a questão salarial pode ter aumentado.Na sala do Conselho de Governadores, que fica no 41º andar do arranha -céus e sede do BCE, "falámos bastante sobre a questão dos salários" na reunião desta quinta dia 18, em Frankfurt, disse a chefe do BCE aos jornalistas.Segundo Lagarde, "o aumento da inflação dos serviços está relacionado com os salários".Embora "os indicadores prospetivos, como o indicador salarial do BCE e os inquéritos sobre as expectativas salariais, sugiram que o crescimento dos salários irá abrandar nos próximos trimestres, antes de estabilizar ligeiramente abaixo dos 3% no final de 2026", notamos também que "as perspetivas para a inflação continuam a ser mais incertas do que o habitual, devido à persistência da volatilidade do ambiente internacional".O desvio nos indicadores de incerteza face ao habitual "não mudou muito, pode até ter piorado", atirou.Lagarde insistiu que "uma redução mais lenta das pressões salariais pode atrasar o declínio da inflação dos serviços", ou seja, vai continuar a ser uma fonte de risco e de maior preocupação para o BCE.Se a inflação descola outra vez dos 2% e começa a subir, o BCE terá de voltar a subir taxas de juro, é essa a mensagem de fundo,Além disso, "um aumento das despesas com a defesa e as infra-estruturas poderá também elevar a inflação a médio prazo" e "os eventos climáticos extremos e as crises climáticas e ambientais em curso podem aumentar os preços dos alimentos mais do que o previsto", explicou a banqueira central..BCE mantém taxa de juro em mínimo de 2% pelo sexto mês consecutivo