A taxa de juro principal da Zona Euro, a taxa de depósito, mantém-se em 2%, o valor mais baixo em quase três anos, e pelo sexto mês consecutivo, anunciou o Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira.Desde junho que esta taxa – que serve de indexante de base para a formação das taxas de juro efetivas finais de mercado, depois aplicadas aos depósitos e empréstimos contratados por famílias e empresas – está no valor mais baixo dos últimos três anos."O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as três taxas de juro diretoras do BCE inalteradas" e a avaliação mais atualizada sobre a situação da Zona Euro "corrobora que a inflação deverá estabilizar no objetivo de 2% a médio prazo", indica a autoridade presidida por Christine Lagarde.Assim, os banqueiros centrais reunidos em Frankfurt (foi a segunda reunião do conselho de governadores para o português Álvaro Santos Pereira, que lidera o Banco de Portugal desde 6 de outubro), "as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de depósito, às operações principais de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez permanecerão inalteradas em, respetivamente, 2%, 2,15% e 2,4%".Crescimento e inflação revistos em alta ligeira"O crescimento económico deverá ser mais forte do que o avançado nas projeções de setembro, sendo impulsionado principalmente pela procura interna. O crescimento foi revisto em sentido ascendente para 1,4% em 2025, 1,2% em 2026 e 1,4% em 2027, devendo permanecer em 1,4% em 2028", adianta o BCE.Há três meses, na última colheita de projeções, o BCE antecipava que o crescimento deste ano fosse de 1,2% e depois 1% em 2026.Ou seja, o banco central continua a ver a economia da Zona Euro a abrandar, mas o ritmo de crescimento anual é um pouco mais elevado, cerca de 0,2 pontos percentuais em ambos os anos (2025 e 2026).Estas novas projeções elaboradas pelos especialistas do Eurossistema (a rede formada por BCE e os restantes bancos centrais nacionais do euro) indicam ainda que a inflação total da Zona Euro "se situará, em média, em 2,1% em 2025, 1,9% em 2026, 1,8% em 2027 e 2% em 2028".A previsão de inflação para 2025 fica na mesma e sobe 0,2 pontos em 2026 (era 1,7% em setembro). Seja como for, 1,9% continua a estar dentro do limiar do BCE, que é entregar uma taxa de inflação em torno de 2%.Relativamente à inflação subjacente, isto é, "excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares", os mesmos economistas do Eurossistema "projetam uma média de 2,4% em 2025, 2,2% em 2026, 1,9% em 2027 e 2% em 2028".A inflação foi revista em alta para 2026, sobretudo porque estes economistas dos bancos centrais "esperam agora uma descida mais lenta da inflação dos preços dos serviços", explica o BCE, em comunicado.A taxa de política (depósito) do BCE, como dito, a principal referência para bancos, famílias e empresas da Zona Euro, desceu de um máximo histórico de 4% atingido em setembro de 2023 para 2% desde junho passado, nível onde deverá ficar estacionada por mais dois anos, até final de 2027, diz a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), no seu último outlook (perspetivas económicas), divulgado no passado dia 2 de dezembro.(atualizado 13h55).Lagarde diz que travagem nos salários é crucial para manter as taxas de juro em mínimos de 2%