O início da primeira sessão desta semana foi uma espécie de continuação do desaire que os mercados acionistas já tinham vivido na última sexta-feira. As bolsas europeias tingiram-se novamente de vermelho e em Wall Street viveu-se um dia raro, com o S&P 500, o principal índice acionista daquela praça, a entrar, por momentos, em bear market, um termo que classifica o momento em que um índice devaloriza 20% em relação ao seu último pico de negociação. O S&P perdeu mais de 10% nas últimas duas sessões algo que, segundo o site Investing, só aconteceu outras quatro vezes nos seus 68 anos de existência. No entanto, a mensagem principal dos analistas para os acionistas é para que mantenham a calma e a paciência - afinal, as ações são um produto de investimento a longo prazo, e os ciclos fazem-se, precisamente, de momentos de elevados ganhos e elevadas perdas.“O principal desenvolvimento nos mercados financeiros, hoje, foi a entrada do S&P 500 em bear market, ou seja, o índice caiu já mais de 20% face ao anterior máximo. Algo que, aliás, também aconteceu com o Nasdaq [o índice tecnológico]. Os mercados continuam a refletir um sentimento marcadamente pessimista, antecipando uma desaceleração da atividade económica global”, referiu ao DN Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe.A pressionar os investidores estão, sem surpresa, as tarifas que Donald Trump decidiu implementar na semana passada e que, já esta segunda-feira, ameaçou aumentar. Foi o que fez com a China, a quem enviou um recado via rede social - a forma preferida de comunicação oficial do novo habitante da Casa Branca: se a China não retirar as taxas aduaneiras de 34% que decidiu aplicar aos bens e serviços dos EUA, o país poderá aumentar os impostos sobre as importações chinesas para 50%. Um escalar da guerra comercial que só começou no passado dia 2 de abril e que já está a causar uma sucessão de reacções em todo o mundo.“Neste contexto, os investidores observam com crescente preocupação a possibilidade de novas retaliações, com especial atenção ao que poderá fazer a União Europeia. Uma nova escalada nesta guerra comercial poderá, por exemplo, traduzir-se na imposição de restrições por parte de Bruxelas à prestação de serviços por empresas norte-americanas. Tal cenário, a concretizar-se, poderá multiplicar as perdas nos mercados”, sublinhou ainda o responsável.Mas, como acontece sempre nas praças acionistas, depois de passar o período de incerteza a calmaria deverá voltar. Vender títulos à pressa pode ser um movimento mais arriscado do que esperar para ver o que aí vem. Até porque duas sessões não chegam para traçar tendências, avisam os especialistas. Aliás, na sessão de ontem isso ficou visível nos EUA: depois de quedas estrondosas, os principais índices negociaram acima da linha de água durante algum tempo. O Nasdaq fechou mesmo com uma leve valorização de 0,01%.“Os mercados acionistas globais encontram-se refletidos no índice Morgan Stanley Capital International, cuja cotação de fecho em 4 de abril representa uma diminuição de -15% relativamente ao último máximo ocorrido em 18 de fevereiro de2025, existindo um forte risco de contágio dos índices norte-americanos aos mercados internacionais”, avisa, por seu lado, a Maxyield, Clube de Pequenos Acionistas. “Neste contexto de regressão dos mercados bolsistas internacionais, posicionados no patamar de bear market, a Maxyield recomenda ponderação e prudência, evitando corrida a vendas em condições precárias”.Na Europa, as perdas foram de mais de 4% nas principais praças, com Lisboa a liderar: o PSI tombou 5,63%, com a Galp e a EDP a afundarem mais de 8%. Nos úlltimos dois dias o principal índice nacional anulou os ganhos que tinha garantido durante o 1.º trimestre.Em Wall Street, depois de uma sessão de elevada volatilidade, o S&P 500 encerrou a perder apenas 0,23% e o industrial Dow Jones a escorregar 0,91%..Trump ameaça China com tarifas adicionais de 50%. Pequim rejeita ceder