Utilizadores de medicamentos para perder peso podem sentir menos necessidade de consumir grandes quantidades de comida, logo tendem a gastar menos no super, diz um estudo publicado nos EUA.
Utilizadores de medicamentos para perder peso podem sentir menos necessidade de consumir grandes quantidades de comida, logo tendem a gastar menos no super, diz um estudo publicado nos EUA.Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens

Fármacos para emagrecer podem gerar alívio na conta do supermercado

Comprimidos para perder peso e aumentar sensação de saciedade são mais baratos que as versões injetáveis. Indústria alimentar estuda corte no tamanho das porções nos supermercados, segundo a Reuters.
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Grandes conglomerados da indústria alimentar como Nestlé, cuja sede é na Suíça, ou Conagra Brands, uma das maiores companhias do sector nos EUA, sediada em Chicago, estão a enfrentar alterações relevantes nos gostos dos consumidores, que preferem cada vez mais alimentos de maior teor proteico e porções mais pequenas devido popularidade dos medicamentos para emagrecer (comprimidos e injetáveis).

Segundo a Reuters, um estudo recente indica mesmo que os consumidores deste tipo de fármacos estão a conseguir reduzir a conta do supermercado em mais de 5%. Compram menos em quantidade.

Vários analistas ouvidos pela agência acreditam que a ampla adoção de fármacos do tipo GLP-1 (originalmente usados contra a diabetes, que regulam os níveis de açúcar no sangue, o apetite e a saciedade) devem implicar alterações importantes na procura dos consumidores, a longo prazo.

De acordo com o mesmo meio, para se adaptarem aos novos hábitos, as empresas estão a fabricar e a promover produtos com mais proteína, a ajustar os rótulos para indicar que são compatíveis com os medicamentos GLP-1 e a trabalhar com grandes retalhistas para comercializar melhor os seus produtos.

Algumas das marcas mais conhecidas de medicamentos originalmente desenhados para combater a diabetes, mas que têm sido cada vez mais para controlar a obesidade e perder peso, são Ozempic, Wegovy, Rybelsus, Saxenda, Victoza, Trulicity, Byetta, entre outros.

"Estamos a ver as pessoas a reduzir o consumo de snacks, bebidas alcoólicas, refrigerantes, bebidas em geral e doces, e a concentrarem-se mais nas proteínas e nas fibras. Esperamos que as empresas alimentares e também os restaurantes respondam a este público crescente", refere J.P. Frossard, analista de mercados alimentares de consumo no Rabobank, citado pela Reuters.

"Veremos um maior acesso a estes medicamentos e um maior mercado potencial para produtos que satisfaçam as necessidades dos utilizadores de GLP-1", afirmou.

Andrew Rocco, gestor de ativos na firma Zacks Investment, diz, por exemplo, que a nova versão do Wegovy (da farmacêutica Novo Nordisk) em comprimido deve ser “mais barato do que a versão injetável”, “proporcionando os mesmos resultados de perda de peso”. Neste quadro, "serão necessários alimentos com elevado teor de proteína, porções mais pequenas e inovação em alimentos funcionais", afirma, segundo a agência noticiosa.

O mercado norte-americano parace ser uma dos mais apetecíveis do mundo. Além da sua dimensão (é a maior economia do mundo, a par da China), cerca de 40% dos adultos norte-americanos são obesos, segundo dados do governo, e cerca de 12% dos adultos afirmam tomar medicamentos do tipo GLP-1, de acordo com um inquérito publicado no mês passado pela organização de investigação de políticas de saúde KFF citado pelo mesmo meio.

As famílias que utilizam medicamentos GLP-1 reduziram os gastos em supermercados em mais de 5% e em restaurantes de fast-food em cerca de 8%, em média, de acordo com um estudo da Cornell Research publicado na semana passada, que utilizou dados relativos às compras realizadas por mais de 150.000 famílias, informa a Reuters.

Embora o estudo de Cornell tenha encontrado aumentos modestos nos gastos apenas em algumas categorias, como iogurte e fruta fresca, as empresas estão atentas.

Gigantes do sector aproveitam a onda para faturar

No início deste ano, a americana Conagra começou a rotular algumas das suas refeições congeladas Healthy Choice, ricas em proteínas e fibras, como "compatíveis com GLP-1".

Um porta-voz da empresa disse à Reuters que “estas refeições estão a vender mais rapidamente do que os produtos concorrentes que fazem alegações semelhantes nas suas embalagens”. Assim, a empresa diz que pretende lançar novas receitas sob aquele selo “escolha saudável”, em maio, trabalhando em parceria com as gigantes do retalho dos EUA, Walmart e Kroger, para as comercializar.

O enorme grupo francês Danone, fabricante de iogurtes e outros produtos lácteos, diz em comunicado que “está a registar um crescimento de dois dígitos na sua linha de produtos ricos em proteínas”, tendência que se acelerou com a adoção dos medicamentos GLP-1.

Segundo a agência, a Nestlé, a maior empresa alimentar do mundo, lançou também novas refeições congeladas especificamente dirigidas aos utilizadores de GLP-1, denominadas Vital Pursuit.

A cadeia mexicana de fast-food Chipotle adicionou recentemente um menu “rico em proteínas" que inclui, entre outros itens, “uma dose individual de frango ou bife”.

O responsável de marketing da Noodles & Company, Stephen Kennedy, disse que estas adições ao menu têm como objetivo oferecer aos clientes “opções que satisfaçam sem exageros”.

*com Reuters

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