Medicamentos como Ozempic associados a casos raros de distúrbio ocular grave, alerta regulador europeu

Medicamentos como Ozempic associados a casos raros de distúrbio ocular grave, alerta regulador europeu

Agência Europeia de Medicamentos exigiu que a farmacêutica Novo Nordisk adicione esta neuropatia como um efeito secundário de frequência "muito rara", nas bulas dos medicamentos à base de semaglutido.
Publicado a
Atualizado a

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou esta sexta-feira, 6 de junho, que os populares medicamentos para controlo de peso e diabetes Ozempic e Wegovy podem, em casos muito raros, estar associados a uma condição ocular grave que pode levar à perda de visão.

O alerta refere-se à neuropatia ótica isquémica anterior não arterítica (NAION), a segunda principal causa de cegueira associada a danos no nervo ótico, a seguir ao glaucoma. A EMA determinou que o risco, embora raro, pode afetar até 1 em cada 10.000 pessoas que tomam semaglutido — o princípio ativo destes fármacos — durante pelo menos um ano.

Esta é a primeira vez que um regulador reconhece oficialmente essa ligação, apesar de estudos anteriores já terem sugerido um risco aumentado entre doentes com diabetes tipo 2 tratados com Ozempic. Uma investigação publicada em março, que analisou quase 350.000 pacientes, concluiu que o risco de desenvolver NAION duplicava após dois anos de tratamento com o medicamento.

A EMA iniciou a revisão dos dados em dezembro de 2024 e exigiu agora que a farmacêutica Novo Nordisk adicione esta neuropatia como efeito secundário de frequência "muito rara" nas informações oficiais dos medicamentos à base de semaglutido.

"Se os doentes apresentarem perda súbita de visão ou agravamento rápido da visão durante o tratamento com semaglutido, devem contactar imediatamente o seu médico", alertou ainda o comunicado do regulador.

Apesar disso, a farmacêutica dinamarquesa mantém que essa relação causal não está comprovada: “Os ensaios clínicos e os estudos pós-comercialização não sugerem uma possibilidade razoável de que os medicamentos causem a condição”, afirmou a empresa, acrescentando que continuará a colaborar com as autoridades reguladoras. "O perfil benefício-risco do semaglutido continua favorável", defende.

O semaglutido atua da mesma forma que o GLP-1 - uma hormona natural do organismo -, aumentando a quantidade de insulina libertada pelo pâncreas e ajudando a controlar os níveis de glicose no sangue. Além disso, regula o apetite, aumentando a sensação de saciedade, o que tornou estes fármacos muito populares entre pessoas que querem perder peso, por vezes dificultando o acesso dos doentes com diabetes.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt