Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI.
Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI.Foto: Brendan Smialowski / AFP

FMI diz que o mundo entrou novamente numa fase de arrefecimento económico

"Os fatores temporários que sustentaram a atividade no primeiro semestre de 2025 — como a antecipação de decisões [caso das exportações] — estão a desaparecer", avisa o Fundo.
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Antes do início das hostilidades das tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos e do seu presidente Donald Trump, a economia mundial estava a crescer 3,3%, valor que se pode considerar expansivo, indica o FMI. Muitos economistas consideram que um crescimento de 3%, ou menos, é mau sinal, quando se trata da economia global.

No entanto, no novo estudo sobre o panorama económico mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avisa que o caminho deste ano e do próximo volta a ser de arrefecimento, com o crescimento global a aproximar-se novamente dos 3%, um valor que satisfaz pouco, fez notar o FMI esta terça-feira.

Para o Fundo, a economia global "está a ajustar-se a um cenário remodelado por novas medidas políticas", sendo o caso mais proeminente as tarifas muito elevadas dos EUA e o ambiente de guerra comercial e de alguma reversão na globalização.

"Algumas medidas extremas de tarifas mais elevadas foram atenuadas, graças a acordos e redefinições subsequentes, mas o ambiente geral continua volátil, e os fatores temporários que sustentaram a atividade no primeiro semestre de 2025 — como a antecipação de decisões [caso das exportações] — estão a desaparecer", alerta o FMI.

Assim, as projeções de crescimento global deste novo World Economic Outlook são "revistas em alta em relação ao WEO de abril de 2025, mas continuam a marcar uma revisão em baixa em relação às previsões anteriores à mudança de política", ou seja, são piores do que se estimava há um ano, em outubro de 2024.

O documento sublinha que "o crescimento global deverá abrandar de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025 e 3,1% em 2026, com as economias avançadas a crescerem cerca de 1,5% e os países emergentes e em desenvolvimento pouco acima dos 4%".

"A inflação deverá continuar a descer globalmente, embora com variações entre países: acima do objetivo nos Estados Unidos — com os riscos inclinados para cima — e moderada noutros locais", acrescenta.

Mas, de uma forma geral, neste panorama previsto pelo FMI, os riscos negativos prevalecem sobre os aspetos mais positivos. "A incerteza prolongada, mais protecionismo e choques na oferta de mão-de-obra" podem reduzir ainda mais o crescimento.

Além disso, "as vulnerabilidades orçamentais [de alguns governos, veja-se o caso atual de França], as potenciais correções nos mercados financeiros e a erosão das instituições podem ameaçar a estabilidade", remata o FMI.

Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI.
FMI revê crescimento português em alta, mas continua mais conservador que o Governo

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