Comissário europeu do Comércio fala com homólogos dos EUA e recusa desistir de negociar
O comissário europeu do Comércio, Maroš Šefčovič, disse que vai continuar a negociar esta segunda-feira, 14 de julho, com os seus homólogos dos Estados Unidos apesar do anúncio norte-americano de tarifas de 30% à União Europeia, recusando-se a desistir sem “esforço genuíno”.
“Continuamos convencidos de que as nossas relações transatlânticas merecem uma solução negociada, uma solução que crie as bases para uma nova estabilidade e cooperação e é por isso que continuamos a colaborar com a administração dos Estados Unidos e a dar prioridade a uma solução negociada até ao novo prazo do dia 1 de agosto”, declarou Maroš Šefčovič.
Falando à chegada à reunião dos ministros do Comércio da União Europeia (UE), em Bruxelas, o responsável aludiu ao anúncio do presidente norte-americano, Donald Trump, de tarifas recíprocas de 30% ao bloco comunitário dentro de cerca de duas semanas, vincando: “Não consigo imaginar-me a desistir [de negociar] sem um esforço genuíno”.
Destacando o “contexto cada vez mais difícil do comércio internacional”, Maroš Šefčovič descreveu estes direitos aduaneiros adicionais de 30% como “efetivamente proibitivos para o comércio mútuo” entre UE e EUA.
“Se estivermos a falar de 30% ou 30% mais [de tarifas], haverá um enorme impacto no comércio. Será quase impossível continuar o comércio como estamos habituados numa relação transatlântica […] e as cadeias de abastecimento transatlânticas serão fortemente afetadas em ambos os lados do Atlântico”, elencou.
O comissário europeu da tutela vincou ainda que o executivo comunitário está a preparar-se “para todos os resultados, incluindo, se necessário, contramedidas proporcionais bem ponderadas para restabelecer o equilíbrio”.
“Farei definitivamente tudo o que estiver ao meu alcance para evitar um cenário muito negativo”, prometeu.
No sábado, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai impor tarifas de 30% sobre produtos da UE a partir de 01 de agosto, numa carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Reagindo a tal anúncio, a líder do executivo comunitário afirmou que Bruxelas continua disposta a negociar com os EUA para chegar a um acordo antes de 1 de agosto.
Donald Trump justificou a decisão com o excedente comercial da UE com os Estados Unidos, que atingiu 50 mil milhões de euros em 2024.
As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios do Presidente Donald Trump de imposição de taxas à UE, que começaram por ser de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e depois se tornaram em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, suspensas e agora fixadas em 30% após um período de negociações.
Bruxelas prefere uma solução negociada com Washington, tendo já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.
A Comissão Europeia detém a competência da política comercial da UE.
Atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos, o equivalente a 70% do total, estão sujeitos às novas tarifas (incluindo as suspensas temporariamente) desde que a nova administração dos Estados Unidos tomou posse, em janeiro passado.
Segundo a Comissão Europeia, está em causa uma taxa média de direitos aduaneiros dos Estados Unidos mais elevada do que na década de 1930.
A UE e os Estados Unidos têm o maior volume de comércio entre parceiros, de 1,5 biliões de euros.