Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE).
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE).RONALD WITTEK

BCE corta taxas de juro pela sétima vez para 2,25% empurrado pelo caos de Trump

Guerra comercial iniciada pelos EUA fermentou total incerteza e obscuridade no comércio e no rumo das economias de todo o mundo. "Perspetivas de crescimento deterioraram‑se", avisa Lagarde.
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As taxas de juro principais da Zona Euro foram reduzidas pelo Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira, pela sétima vez desde o seu máximo de sempre, em setembro de 2023.

Assim, a principal taxa central de referência (depósito) desceu 0,25 pontos percentuais (p.p.) ou 25 pontos base, de 2,5% para 2,25%, anunciou a autoridade presidida por Christine Lagarde, que justificou este alívio nos juros com a existência de ameaças ao crescimento e de reações "adversas" dos mercados às tensões comerciais inicialmente provocadas (em março) pelo governo dos Estados Unidos, de Donald Trump.

"O conselho do BCE decidiu hoje [quinta-feira, 17 de abril] reduzir as três taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base". Assim, "as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de depósito, às operações principais de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez serão reduzidas para, respetivamente, 2,25%, 2,4% e 2,65%, com efeitos a partir de 23 de abril de 2025".

Em comunicado, o BCE até afirma que "o processo desinflacionista está bem encaminhado" e que "a economia da Zona Euro tem vindo a reforçar a sua resiliência a choques mundiais", mas há eventos negativos e uma "incerteza excecional" ao redor que estão a condicionar fortemente as economias.

"As perspetivas de crescimento deterioraram‑se devido às crescentes tensões comerciais. É provável que a incerteza acrescida reduza a confiança das famílias e das empresas e que a reação adversa e volátil do mercado às tensões comerciais conduza a um aumento da restritividade das condições de financiamento. Estes fatores podem afetar ainda mais as perspetivas económicas para a área do euro", alerta o BCE.

Quanto ao futuro das taxas de juro dos europeus, que se julgava pudessem descer mais devagar, terminando este ano numa taxa de juro (depósito) de 2%, e que aí estabilizasse, a partir deste ponto de caos comercial tudo é uma incógnita.

O DN noticiou recentemente que vários economistas antecipam que o BCE terá de descer mais os juros do que inicialmente antecipava, devend chegar a uma taxa de 1,75% no final deste ano, por exemplo.

Em comunicado, o BCE diz agora que, "nas atuais condições de excecional incerteza, seguirá uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para decidir a orientação apropriada da política monetária".

Taxas de juro do BCE desde abril de 2015.
Taxas de juro do BCE desde abril de 2015.BCE e Banco de Portugal
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE).
Com o caos de Trump, taxa de juro do BCE deve aliviar mais, para 1,75% no final de 2025

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