Airbus recolheu cerca de 6.000 aviões A320 para substituição urgente do 'software' de controlo de voo
Airbus recolheu cerca de 6.000 aviões A320 para substituição urgente do 'software' de controlo de vooIgor Martins / Global Imagens

Airbus cai em bolsa. Novo defeito industrial no A320 agrava desconfiança dos investidores

Títulos da gigante europeia fecharam a descer quase 6% após a revelação de falhas nos painéis de fuselagem, revés que surge logo após uma recolha de aviões deste modelo para atualização de software.
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As ações da Airbus encerraram a sessão desta segunda-feira em forte queda, pressionadas pela descoberta de um novo problema de controlo de qualidade na sua família de aparelhos A320, o modelo mais vendido da construtora. O incidente provocou uma desvalorização que chegou a atingir os 11% durante as negociações, eclipsando os esforços da empresa para resolver uma falha informática anterior.

Segundo noticiou a agência Reuters, a Airbus confirmou a existência de defeitos em painéis de metal da fuselagem de um número limitado de aeronaves. Embora a empresa garanta que o problema está identificado e contido, a reação dos mercados foi imediata e severa, com as ações a fecharem o dia com uma desvalorização de 5,9%.

O nervosismo dos investidores deve-se à acumulação de más notícias num curto espaço de tempo. Este problema estrutural surge poucos dias após a Airbus ter sido obrigada a recolher mais de metade da frota da família A320 para corrigir uma vulnerabilidade de software relacionada com erupções solares.

Apesar de a atualização de software ter sido implementada mais rapidamente do que o previsto, a notícia de um defeito físico na fuselagem -- proveniente de um fornecedor que a Airbus se recusou a nomear --abalou a confiança na capacidade da empresa cumprir as suas metas anuais.

O impacto estendeu-se aos clientes da construtora, com as ações de companhias aéreas como a Lufthansa e a EasyJet a serem arrastadas para terreno negativo.

Metas de entrega em risco

A questão central para o mercado é o impacto logístico. De acordo com fontes citadas pela Reuters, o problema afeta cerca de 50 aviões, o que poderá atrasar entregas cruciais nesta reta final do ano.

Os dados industriais indicam que a Airbus entregou 72 aviões em novembro, um número abaixo das expectativas dos analistas. Com um total acumulado de 657 entregas este ano e uma meta ambiciosa de "cerca de 820", a construtora enfrenta agora uma tarefa difícil -- se não mesmo impossível -- de cumprir. Para atingir o objetivo, teria de entregar mais de 160 aviões apenas em dezembro.

Rob Stallard, analista da Vertical Research Partners, classificou à Reuters a performance necessária como "astronómica", sublinhando que "estes problemas na fuselagem não poderiam ter surgido em pior altura".

Embora a Airbus afirme que "apenas uma parte" dos aviões afetados necessitará de intervenção adicional e que não existem aeronaves em serviço com este defeito, a incerteza quanto ao volume exato de atrasos continua a penalizar a avaliação da empresa em bolsa.

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