Preços dos transportes de Lisboa e Porto não vão subir

Tarifários sem aumentos em 2016, nem de acordo com a inflação. A medida ontem anunciada teve em conta vários fatores, incluindo a quebra do preço do petróleo
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Os preços dos transportes públicos de Lisboa e Porto não vão sofrer qualquer alteração no próximo ano, revelou ontem o Ministério do Ambiente ao DN/Dinheiro Vivo. A decisão afeta as tarifas da Carris, do Metropolitano de Lisboa, da STCP, do Metro do Porto e da Transtejo/Soflusa.

As reduções que o preço do petróleo tem vindo a registar, e que tudo indica deverão continuar ao longo de 2016, mas também os fortes aumentos nos tarifários decididos nos primeiros anos da troika em Portugal estão entre os principais fatores a justificar a decisão.

Segundo fonte oficial do gabinete de João Matos Fernandes, ministro do Ambiente que ficou com a tutela dos transportes públicos, "não se justifica que haja aumentos dos preços", em função da baixa dos preços dos combustíveis.

A inflexão registada na evolução do preço do petróleo a partir de meados de 2014 vai trazer algum alívio para os utentes dos transportes de Lisboa e Porto em 2016.

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O barril de petróleo, que durante quase três anos se manteve acima ou próximo dos cem dólares, entrou num ciclo de descidas graduais mas constantes desde julho de 2014, ciclo esse que puxou o preço da casa dos 100 dólares por barril até aos menos de 40 dólares atuais. Esta é uma tendência que segundo a maioria dos analistas deverá continuar no próximo, antecipando-se até a queda do barril para menos de 30 dólares.

Esta inflexão da tendência do petróleo permitiu também congelar os tarifários em 2015, ainda que contra a vontade inicial do anterior governo. No ano passado, os tarifários tinham sido atualizados 1%, em média, valor quase idêntico ao registado em 2013. Estes aumentos moderados, contudo, surgiram em cima de um forte e repentino ciclo de encarecimento dos transportes públicos levado a cabo pelo primeiro executivo PSD-CDS.

Transportes 26% mais caros

No início de 2011, ainda antes de ser chamada a troika, os tarifários dos transportes públicos foram aumentados em média 4,5%. Depois, com a mudança de governo e a entrada dos credores, o novo executivo avançou em agosto do mesmo ano com nova revisão, elevando as tarifas em média 15%. Em fevereiro de 2012, veio nova alteração, com aumentos médios de 5%.

O impacto desta sequência de revisões em alta no custo dos transportes fica evidente se virmos os dados da inflação deste segmento: segundo o INE, e desde o início de 2011 até novembro último, recorrer ao transporte ferroviário de passageiros ficou 27% mais caro e no transporte rodoviário de passageiros as subidas atingiram os 16,7%. Já os títulos combinados de passageiros viram o preço subir 29%, com o salto nos transportes de passageiros por mar e vias interiores navegáveis a atingir os 29%.

Estes saltos expressivos nos preços tiveram igualmente reflexo nos dados operacionais das empresas, que perderam dezenas de milhões de passageiros: só em 2012, o Metropolitano de Lisboa contou menos 25 milhões de viagens, metade das perdidas pela Carris, que no mesmo ano teve menos 50 milhões de passageiros. Já a STCP contabilizou a perda de 10% dos passageiros mensais logo após a atualização tarifária feita em fevereiro de 2012.

Tarifários

Com a decisão de congelar os preços nos transportes urbanos de Lisboa e Porto, o bilhete individual continuará a custar 1,40 euros no caso do metro de Lisboa ou 1,80 euros na Carris - 2,85 euros nos elétricos, verificando-se o mesmo a norte: uma viagem individual na STCP ficará a 1,85 euros e cada viagem com o Andante Azul continuará a custar 1,20 euros, no caso de uma única zona.

A mesma situação irá ocorrer com os preços dos passes mensais, os mais procurados. Em Lisboa, o Navegante Urbano continuará nos 35,65 euros, com o título mensal geograficamente mais abrangente, o Navegante Rede, a permanecer nos 42 euros. No Porto, os títulos de assinatura mensal continuarão igualmente entre os 30,10 euros (Z2) e os 119 euros (Z12).

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