Moody's corta 'rating' do Brasil para 'lixo'

Agência de notação admite que 'rating' pode descer ainda mais nos próximos 12 a 18 meses
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A agência de notação financeira Moody's desceu hoje a avaliação do crédito soberano do Brasil para abaixo do nível de investimento, 'lixo', como é tradicionalmente conhecido, descendo também a perspetiva de evolução, que passa a negativa.

A ação da Moody's segue-se a ações semelhantes já feitas pela Standard & Poor's e Fitch, o que torna o custo do financiamento, não só do país, mas também das empresas, automaticamente mais caro.

De acordo com uma nota de uma das três maiores agências de 'rating' do mundo, o Brasil viu hoje o seu crédito soberano cortado para Ba2, abaixo do nível de recomendação de investimento, e a perspetiva de evolução é negativa, o que significa que o 'rating' pode ser ainda mais cortado nos próximos 12 a 18 meses.

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A Moody's refere que a probabilidade de a dívida pública subir para 80% do PIB até 2019 e a dinâmica política desafiante foram os dois principais motivos para descer o 'rating' para 'lixo'.

"A revisão em baixa foi motivada pela perspetiva de uma deterioração adicional nas métricas de dívida do Brasil num ambiente de baixo crescimento, com a dívida pública a exceder provavelmente os 80% do PIB nos próximos três anos, e a dinâmica política desafiante, que vai continuar a complicar os esforços de consolidação orçamental das autoridades e a adiar as reformas estruturais", escreve a agência de 'rating'.

No documento hoje colocado no site, e que explica a revisão em baixa da avaliação da qualidade de crédito soberano do país, para Ba2, abaixo do nível de recomendação de investimento, conhecido tradicionalmente como 'lixo', a Moody's acrescenta que a Perspetiva de Evolução Negativa reflete a análise segundo a qual "os riscos estão do lado de uma recuperação e consolidação orçamental mais lentas, ou de mais choques, o que cria incerteza sobre a magnitude da deterioração do perfil de crédito do Brasil durante o período desta análise".

A Moody's lembra que desde agosto de 2015, quando desceu a avaliação para Baa3 - o último nível antes de 'lixo' -, "as métricas de crédito têm continuado a deteriorar-se", e acrescenta que "essa deterioração é provável que continue nos próximos três anos, dada a escala do choque na economia brasileira, a falta de progresso do Governo em atingir os objetivos orçamentais e económicos e a dinâmica política expectável durante esse período".

Para os analistas desta agência de notação financeira, "a revisão em baixa do 'rating' para Ba2 revela essa deterioração em curso, ao passo que a Perspetiva de Evolução Negativa contempla os riscos de uma deterioração acrescida do perfil de crédito do Brasil que surge dos choques macroeconómicos, disfunção política mais profunda e a necessidade de apoiar as entidades públicas".

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