Indústria lança academia da cortiça na China

Portugal quer criar rede de educadores em cortiça naquele que será o segundo maior mercado de vinho do mundo em 2020
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Cork Academy, assim se chama o primeiro programa formativo de cortiça na China, uma iniciativa da associação do setor, a APCOR. Os primeiros workshops estão agendados para 26 e 28 de junho, em Xangai e Guangzhou, sendo o objetivo "oferecer aos profissionais da indústria uma compreensão holística em relação ao vinho e à rolha de cortiça".

Com cerca de 870 mil hectares plantados, a China tem já a segunda maior área de vinha do mundo e é o sétimo maior produtor mundial. Mais importante são as previsões, que apontam para que, em 2020, a China seja já o segundo maior mercado de vinho do mundo, logo a seguir aos Estados Unidos, com um volume de negócios da ordem dos 21,7 mil milhões de dólares.

Dos 25 milhões de euros que Portugal exportou, no ano passado, em cortiça para a China, as rolhas representaram quase 11 milhões. Nos primeiros quatro meses do ano, Portugal vendeu para a China 9,2 milhões de euros em cortiça, mais 1,2 milhões do que em igual período de 2017.

E o consumo per capita de vinho no país ainda é baixo: 1,34 litros ao ano. Em Portugal é de 54 litros, o maior consumo per capita do mundo. "A China está a conquistar um peso e uma preponderância cada vez maiores no mundo do vinho. Apesar do consumo ser muito baixo, há uma sensibilidade cada vez maior dos consumidores que estão a afinar o palato e o conhecimento que têm sobre os vinhos e sobre a cortiça", diz o presidente da APCOR. João Rui Ferreira estará presente na abertura da Cork Academy na China como forma de "estreitar a relação entre os primeiros participantes na iniciativa, a cortiça e a associação".

Os participantes que concluírem esta formação serão certificados como approved cork educators, o que os habilitará a realizarem eles próprios ações de educação posteriores. "Pretendemos criar uma rede de educadores preparados para explicar no país as vantagens da rolha de cortiça para a evolução dos vinhos", diz João Rui Ferreira.

Denis Lin, conceituado wine educator na China, será um dos instrutores do programa. "À medida que a aceitação do vinho aumenta, tenho observado que um número crescente de consumidores locais desejam tornar-se conhecedores do vinho "informados e educados"", diz Lin, sublinhando que isso explica a "crescente popularidade" das atividades sobre vinho na China nos últimos anos.

Mas para Denis Lin, "a cortiça tem sido esquecida", o que se deve, provavelmente, ao facto de os educadores de vinho "não estarem devidamente informados sobre a cortiça e as suas vantagens para o vinho".

No entanto, 95 dos cem vinhos mais vendidos na China estão já vedados com rolha de cortiça, segundo a Nielsen. Um outro estudo indica que 97% dos consumidores chineses acreditam que a rolha de cortiça natural é benéfica para a qualidade do vinho. E estão disponíveis a pagar mais por eles.

"Nesta economia global em que vivemos nada é garantido. Precisamos de continuar a informar e a formar as pessoas e a antecipar tendências", refere o presidente da APCOR, lembrando que "há um longo caminho pela frente" já que o vinho representa, apenas, 11% das bebidas alcoólicas consumidas no país e só 1% é que é importado. "Há uma margem de crescimento extraordinária", sustenta João Rui Ferreira.

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