Hotéis continuam a investir apesar da pandemia

Estiveram semanas de portas fechadas, mas não baixaram os braços. Hotéis investiram nas remodelações e em novas unidades à espera de dias melhores.

Não foi por decreto, mas durante os meses de abril e maio a maioria dos hotéis em Portugal esteve de portas fechadas. As limitações à circulação de pessoas, impostas pelos governos para travar a pandemia, deitaram por terra as expectativas de ocupação das unidades hoteleiras depois de um arranque de ano acima de 2019. Mas o setor não baixou os braços e muitos investimentos continuaram.

"O que se sabe é que os que estavam para abrir desaceleraram, mas os que estavam em obras mantêm-se em obras. No caso dos hotéis individuais é sempre mais simples. Mas há grupos hoteleiros que até estão a aproveitar para remodelar alguns hotéis e fazer obras mais profundas que têm mais impacto no cliente e aproveitam ter as unidades fechadas para as fazer", diz ao DN/Dinheiro Vivo Raul Ribeiro Ferreira, presidente da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal.

Apesar de um ano atípico para todo o setor do turismo, o Vila Galé, segundo maior grupo hoteleiro nacional, conclui os quatro projetos que tinha proposto para este ano "com três inaugurações" - Vila Galé Collection Alter Real, Serra da Estrela e Vila Galé Paulista em São Paulo, Brasil. E prosseguiu "com o plano de remodelações nos hotéis" na Ericeira, no Vila Galé Ópera (Lisboa), no Vila Galé Cascais e no Vila Galé Évora, uma nova pizzaria Massa Fina no Vila Galé Náutico (Armação de Pera); e um espaço infantil no Vila Galé Collection. Fonte oficial do grupo garante ainda que "os hotéis já anunciados para o futuro mantêm-se no plano, são eles o hotel nos Açores - ilha de São Miguel -, Alagoas (Brasil) e Palácio do Rio Branco em Salvador".

O PortoBay, que tem 15 unidades, tem dois hotéis encerrados, um deles - o PortoBay Hotel Teatro, no Porto - está fechado porque se encontra em obras de requalificação até fevereiro. António Trindade, CEO do grupo, não esconde que "houve comportamentos diferentes consoante os destinos": "Se no Algarve e no Porto a resposta do mercado, com grande apoio do mercado nacional, foi muito positiva, o mesmo não aconteceu, infelizmente, em Lisboa e na Madeira. De qualquer forma, neste último destino, Madeira, onde temos sete hotéis, as expectativas foram superadas, pois até há cerca de três meses as nossas previsões apontavam para taxas de ocupação manifestamente inferiores."

O responsável explica por isso que, em termos de investimentos, e "fruto da situação que vivemos, demos prioridade aos investimentos de requalificação nos hotéis que estavam integrados no nosso plano de atualização de produto. É nesses termos que contamos ultrapassar os três milhões de euros de obras de requalificação em alguns hotéis em Portugal".

O grupo Sana tem todas as suas unidades abertas, e de acordo com fonte oficial, "não suspendeu qualquer investimento previsto". Um dos projetos que o grupo tem em curso é a requalificação do Quartel da Graça, em Lisboa, depois de lhe ter sido adjudicada a concessão no âmbito do programa Revive. "Apesar do impacto causado pelo ano atípico e adverso que atravessamos, continuamos a trabalhar ativamente neste e nos nossos outros projetos. De igual modo, continuamos a monitorizar novas oportunidades no âmbito do programa Revive", admite fonte oficial, que não esconde que estão também "atentos" ao Revive Natureza.

Ana Laranjeiro é jornalista do Dinheiro Vivo

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