Como Yolanda Hopkins surfou sobre as dificuldades para entrar na elite mundial
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Como Yolanda Hopkins surfou sobre as dificuldades para entrar na elite mundial

Vice-campeã do Mundo apurou-se para as meias -finais do Saquarema Pro e garantiu lugar no WSL. É a primeira surfista portuguesa a consegui-lo, depois de Tiago Pires e Frederico Morais.
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Yolanda Hopkins sonhava entrar na elite mundial do surf e fez-se ao mar até o conseguir, esta quinta-feira, dia 16 de outubro, aos 27 anos, nas ondas de Saquarema, um mês depois de se sagrar vice-campeã do Mundo.

Foi no Rio de Janeiro, onde em 2024 chorou a não qualificação, que a surfista portuguesa se apurou para o circuito mundial, ao qualificar-se para as meias-finais do Saquarema Pro, prova das Challenger Series (CS), A portuguesa somou 10.67 pontos com as duas melhores ondas e bateu os 10.07 da australiana Ellie Harrison, continuando na luta pelo troféu no Rio de Janeiro.

Yo-Yo, como é tratada pelos colegas surfistas, saiu do mar levantada em ombros e deu um sentido abraço ao seu treinador, John Tranter, com quem trabalha há longos anos e que agora partilha com ela o êxito de entrar na Liga Mundial de Surf (WSL). “Consegui, finalmente. Vamos estar aqui no Tour, a representar Portugal, estou ‘bué’ feliz e quero mesmo agradecer a toda a gente que me tem apoiado ano após ano. Vou tentar dar o meu melhor no Championship Tour, levar a bandeira portuguesa o mais longe possível”, disse a portuguesa nas primeiras palavras após a qualificação histórica.

Filha de filha de mãe inglesa e pai português, Yolanda podia ter sido futebolista, mas a paixão pelo mar falou mais alto. Quando lhe ofereceram uma prancha de de bodyboard ela pediu uma “igual à dos crescidos” (surf), meteu-se de pé e sentiu ter encontrado o “amor” da sua vida.

Nasceu em Faro, mas mudou-se para Sines para “apanhar as melhores ondas” e investir na carreira de surfista, com ajuda do treinador John Tranter. Chegou a passar dificuldades. Os pais tinham-se separado e não tinham muito dinheiro para investir nas viagens que ela precisava fazer para ir às provas. O prize money dos campeonatos era o único rendimento que tinha e isso transformou-se numa enorme pressão para a surfista.

Internacionalizou-se com ajuda de uma cliente do Surf Camp, que pagou as viagens para a Califórnia, para ela fazer as qualificações. E a representação internacional só foi possível devido a um crowdfunding, que lhe permitiu juntar 7500 euros para ela seguir o sonho.

Competiu com o apelido Sequeira (do pai), mas prefere o Hopkins (da mãe). Foi como Yolanda Hopkins que foi aos Jogos Olímpicos de Tóquio2020 e Paris2024 e que irá competir na WSL.

A algarvia segue assim as pisadas de Tiago Pires e Frederico Morais, que já o tinham feito no setor masculino da WSL. E pode ainda ter a companhia de Teresa Bonvalot e Francisca Veselko, as outras duas surfistas portuguesas que ainda se podem qualificar, numa altura em que faltam disputar-se duas etapas do circuito Challenger Series, ambas já em 2026, a primeira delas em Pipeline, no Havai, e a última em Newcastle, na Austrália.

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