A Volta a Portugal em Bicicleta arranca quarta-feira (6 de agosto), na Maia, com um campeão Olímpico, Iúri Leitão, no pelotão, e um percurso polémico, com muita montanha e regressos históricos até à chegada a Lisboa no próximo dia 17. Artem Nych (Anicolor-Tien 21) vai defender o título e é o principal candidato a vencer, ainda mais depois da desistência de Mauricio Moreira (Efapel), vencedor em 2022, mas David Peña (APHotels & Resorts/Tavira/SC Farense) pode surpreender. Iúri Leitão, o único português a conquistar duas medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos - o ouro, no madison, com Rui Oliveira, e a prata em omnium em Paris2024 - alimentava o sonho de estar na Vuelta, mas a Caja Rural preferiu trazê-lo à Volta a Portugal. Será a segunda vez que o corredor de 27 anos vai participar na prova, depois de 2021.“Tenho a mesma responsabilidade de em todas as outras provas, fazer o melhor possível e ajudar a equipa no que me for pedido. Especialmente tendo em conta o trajeto deste ano, que tem tão pouca variedade de terreno, as minhas oportunidades serão poucas, portanto a minha participação será, provavelmente, mais discreta do que eu gostaria”, disse o ciclista da Caja Rural, que vai para a estrada com o objetivo pessoal de vencer uma etapa. Com uma prova com seis etapas de montanha e cinco chegadas em alto e como bom sprinter que é, Iúri aponta a vencer uma etapa: “Vou apontar as forças para a chegada a Viseu.”A chegada ao Montejunto, celebrizada pelo Troféu Joaquim Agostinho, reaparece no traçado 42 anos depois, no dia anterior ao tradicional contrarrelógio final, que conclui os 1581 quilómetros de competição... sem Algarve e Alentejo, em detrimento da escolha do Nordeste Transmontano e do Alto Minho. A região Oeste ganha destaque com uma nona etapa, que irá homenagear Joaquim Agostinho, na passagem por Torres Vedras. “A região Oeste, por todos os motivos e mais alguns, e até pela enorme afirmação do nosso querido João Almeida, há muito que merecia uma etapa em pleno da Volta a Portugal”, segundo Joaquim Gomes.Apesar do diretor da prova defender o traçado da Volta, quase todos os diretores desportivos das equipas participantes definiram-no, em declarações à Lusa, como sendo desequilibrado. Um dos mais críticos é Gustavo Veloso, da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, equipa com muitos sprinters: “Esta Volta não está equilibrada e não é fácil motivar os seus ciclistas.”A Anicolor-Tien 21 de Artem Nych é a grande favorita a reconquistar a prova. Tem sido assim desde o afastamento da W52-FC Porto do pelotão nacional devido a um escândalo de doping que levou à extinção da equipa ligada aos dragões. Com o pelotão cada vez mais fraco, a Volta a Portugal não está a conseguir atrair equipas de primeira linha e tem apenas uma equipa ProTeam (2.º divisão do ciclismo mundial), a Caja Rural, e ausências históricas da Euskaltel-Euskadi, Burgos-BH, Kern Pharma e Vorarlberg, equipa do vencedor de 2023 e do vice-campeão do ano passado, o suíço Colin Stüssi.Parte da culpa será da questão dos pontos que a União Ciclista Internacional atribui a cada prova e que são cada vez mais importantes para as equipas do segundo escalão receberem convites para as principais corridas. O que faz com que as equipas ProTeam, que necessitam de pontos preferem fazer quatro clássicas a uma Volta a Portugal - vale menos pontos do que a Clássica da Figueira da Foz, por exemplo.Etapas da Volta a Portugal6 agosto: Prólogo Maia (Contrarrelógio)7 agosto 1.ª etapa: Viana-Braga (Sameiro)8 agosto 2ª etapa: Felgueiras-Fafe9 agosto 3ª etapa: Boticas-Bragança10 agosto 4ª etapa: Bragança- Mondim de Basto (Senhora da Graça)11 agosto 5ª etapa: Lamego-Viseu12 agosto descanso: Viseu13 agosto 6ª etapa: Águeda-Guarda14 agosto 7ª etapa: Sabugal-Covilhã (Torre)15 agosto 8ª etapa: Ferreira Zêzere-Santarém16 agosto 9ª etapa: Alcobaça-Montejunto17 agosto 10ª etapa: Oeiras-Lisboaisaura.almeida@dn.pt