Pedro Pichardo junto ao placard com a marca que lhe valeu o ouro
Pedro Pichardo junto ao placard com a marca que lhe valeu o ouroKIYOSHI OTA/EPA

Pichardo feliz por voltar a ser "o melhor", mas não garante continuar até Los Angeles

"Tóquio é uma cidade que vou levar para a vida toda. Não me lembro de nenhum outro estádio que me tenha dado tanta alegria”, celebrou o atleta, primeiro português a ganhar dois ouros em mundiais de atletismo
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"Who's the best? Who's the best", repetiu Pedro Pablo Pichardo para as câmaras de televisão e para o público, após o salto final que lhe valeu mais um ouro mundial no triplo salto, em Tóquio.  

O saltador de origem cubana voltou a escrever o nome de Portugal na história do atletismo, tornando-se o primeiro atleta português a vencer duas vezes o ouro em Mundiais da modalidade, deixando para trás a desilusão do segundo lugar nos Jogos Olímpicos do ano passado, em Paris. A vitória foi arrancada no último ensaio, depois do susto de ter sido ultrapassado pelo italiano Andrea Dallavalle na última ronda de saltos.

“Por acaso fiquei assustado, não estava à espera. Mas ainda tinha energia guardada e saiu o grande salto”, confessou Pichardo após a prova, em declarações à RTP. Apesar de inicialmente pensar que a vitória já estava garantida, o português acabou por agradecer ao rival italiano: “Ele puxou por mim e fez com que saísse aquele grande salto.”

O palco japonês tem um significado especial. Foi ali que o atleta já tinha conquistado o ouro olímpico em 2021. “Eu acho que Tóquio é uma cidade que vou levar para a vida toda. Não me lembro de nenhum outro estádio que me tenha dado tanta alegria.

Apesar da felicidade, o campeão não escondeu as dificuldades recentes. A mudança de clube, as condições de treino limitadas e até uma fratura lombar há apenas dois meses deixaram marcas numa época atribulada antes do regresso ao palco mundial. “Foram momentos complicados”, disse, dedicando o triunfo ao pai, figura central na sua carreira: “O meu pai foi quem me lançou no desporto e é ele que vai decidir quando acabo a minha carreira.”

Pedro Pichardo junto ao placard com a marca que lhe valeu o ouro
Pichardo é o primeiro português bicampeão mundial do atletismo (com vídeo)

Quanto ao futuro, a grande questão é se estará nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028, depois de já ter colocado o futuro em questão após a desilusão dos Jogos Olímpicos de Paris, no ano passado, em que perdeu o ouro para o espanhol, também nascido em Cuba, Jordan Diáz. Pichardo não fecha a porta, mas mantém a prudência e as queixas sobre a falta de apoios em Portugal . “Vamos ver. Dependo muito do que disserem o meu pai e a minha família. Gostava de dar essa medalha olímpica a Portugal, mas precisamos de mais apoio ao atletismo. O país tem de olhar um bocadinho mais para nós, além do futebol.”

Pichardo admite que, sem a intervenção do pai, já poderia ter encerrado a carreira. “O meu pai não me deixou ir embora. Pediu-me para fazer mais uns anos, e depois sim, pensar nisso. Esta medalha é para ele e será sempre o que ele disser que eu vou fazer.”

A vitória de Pichardo deu o segundo ouro a Portugal nestes Mundiais de atletismo, depois da vitória de Isaac Nader nos 1500 metros.

Pedro Pichardo junto ao placard com a marca que lhe valeu o ouro
Isaac Nader. Um campeão mundial forjado em Espanha e imortalizado num sprint de ouro
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