Pedro Proença e a sua equipa receberam 346 mil euros da Liga Portugal por férias não-gozadas, quando deixaram o organismo. A maioria dos colaboradores mudou-se com ele para a Cidade do Futebol, depois de o antigo árbitro ser eleito presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Segundo o Relatório de Balanço da época 2024/25 a que o DN teve acesso, só “as rescisões contratuais do presidente, da Direção Executiva e do chefe de gabinete custaram 282.920,72 euros em férias não gozadas”. No documento da Liga Portugal, datado de 29 de maio de 2025, os valores aparecem listados sem nome e, por isso, não ficou registado quem recebeu quanto. Apenas aparecem descritos os cargos e o total pago, como se vê na imagem acima publicada.No entanto, segundo os registos, além de Pedro Proença, à data da última reunião, no dia 17 de fevereiro, a Direção Executiva era composta por Helena Pires, Rui Pereira Caeiro, Vasco Pinho e José Carlos Oliveira. E o chefe de gabinete era Filipe Pais, que também o acompanha na mesma função na FPF.A então cúpula da Liga Portugal, não foi a única e receber valores por férias não-gozadas aquando da saída. O total do custo para o organismo, agora liderado por Reinaldo Teixeira, com férias não.gozadas foi de 346. 012,04 euros.Questionada pelo DN, a assessoria da Federação, esclareceu que “Pedro Proença cessou funções na Liga Portugal previamente ao apuramento das questões acima referidas, não tendo pois participado na tomada de decisão sobre as mesmas”. Ora, aquando da saída do antigo árbitro da presidência, os clubes que compunham a direção escolheram para liderar o organismo na transição, Helena Pires, que agora é secretária-geral da FPF.“No que diz respeito aos montantes pagos a título de créditos laborais, estão em causa quantias que advêm de meros cálculos aritméticos, em cumprimento de disposições legais imperativas que estabelecem direitos laborais, que não foram sequer solicitados pelos colaboradores cessastes, mas sim apurados e validados pelos serviços competentes da Liga Portugal. Esse apuramento, precisamente por resultar de mera operação aritmética em clara aplicação da Lei, foi feito de forma uniforme quer pela Direção Executiva anterior, quer já pela atual”, garantiu, através da comunicação da FPF, Pedro Proença, que se encontra nos EUA a acompanhar o Mundial de Clubes.Ainda segundo o mesmo documento a que o DN teve acesso, foram ainda dispensados 13 trabalhadores do cumprimento do aviso prévio , num total de remunerações de 44.505,86 euros. Alguns deles foram dispensados de dar 60 dias (dois meses) à casa antes de saírem. O que, segundo as explicações enviadas ao DN, “traduz uma prática de não-obstaculizar a que funcionários dedicados prossigam as suas carreiras fora da instituição, desde que a respetiva saída no timing pretendido não colocasse em causa, como nunca colocou, o regular funcionamento da Liga Portugal”.A verdade é que causou, no mínimo, embaraço ao sucessor, Reinaldo Teixeira, quando apresentou o caso na reunião de presidentes, dia 28 de maio, que fechou a temporada e onde foi apresentado o Balanço Global de Fecho de Contas da época 2024/25, que terminou com o título do Sporting na última jornada da I Liga. A revelação gerou alguma indignação e levou alguns dirigentes presentes a pedir uma auditoria interna. Algo que, segundo soube o DN, não irá acontecer por vontade da maioria dos clubes e da direção atual, depois de o Departamento Jurídico ter validado o procedimento.Confrontada com a situação e os valores em causa, a Liga Portugal, disse apenas que se trata de “uma situação herdada” e que a atual direção liderada por Reinaldo Teixeira está concentrada no futuro. Um futuro que, segundo o DN soube, será com uma estrutura renovada, depois da saída de 42 funcionário, até à data, e com previsão de mais algumas saídas em curso. Algumas das pessoas envolvidas vão mudar-se para a Cidade do Futebol, a nova casa de Pedro Proença.isaura.almeida@dn.pt