Cortada a fita de inauguração da Arena Liga Portugal é hora de Pedro Proença oficializar a candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), um cargo que o antigo árbitro há muito ambiciona ocupar. “Não sei o que o futuro me reserva, mas sou hoje um homem realizado”, disse na passada sexta-feira, quando questionado sobre a possível candidatura, que anunciará amanhã, na Cimeira de Presidentes, que junta os clubes da I e II Liga na nova sede da Liga Portugal no Porto..Durante a presidência do organismo que organiza os campeonatos, Proença preparou-se para o cargo mais importante do futebol português. Só desde janeiro deste ano, o dirigente teve dezenas de reuniões para auscultar a aceitação do seu projeto junto das associações regionais, antes de tomar uma decisão e preparar a saída da Liga. Por isso a candidatura é tudo menos secreta e só espera mesmo a oficialização, que acontece já amanhã. .Suceder a Fernando Gomes, que deixa o cargo ao fim de 12 anos, é um objetivo pensado do ex-árbitro, nascido em Lisboa, no dia 3 de novembro de 1970. Ocupa o cargo de presidente da Liga Portugal desde 2015, preside ainda às Ligas Europeias, e ainda ontem foi eleito para o Comité Executivo da UEFA..Com as eleições na FPF marcadas para o dia 14 de fevereiro, a data da entrega das listas termina já nesta quinta-feira. E ontem, o ex-árbitro recebeu o apoio público do presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol. “Se Pedro Proença avançar para as eleições da FPF, naturalmente estaremos com ele. Não por ser um ex-árbitro ou um sócio da nossa classe, e dirigente e ex-dirigente da nossa classe, mas essencialmente pelo trabalho que tem feito e por aquilo que são as ideias que ele tem para o futebol, que ao longo dos anos temos conversado”, disse Luciano Gonçalves, no podcast Final Cut, da Sports Tailors.Pedro Proença terá a oposição de Nuno Lobo, o ex-presidente da Associação de Futebol de Lisboa, que apresentou a candidatura à presidência da FPF no passado dia 22 de outubro. O vencedor terá pela frente um mandato desafiante, tendo em conta que Portugal ganhou a organização do Mundial2030, juntamente com Espanha e Marrocos..Árbitro, gestor e dirigente.Antigo andebolista (jogou no Sporting e Benfica), Pedro Proença foi árbitro de futebol desde os 17 anos e ascendeu à 1.ª categoria em 2000. Internacional em 2003, marcou presença nas fases finais do Euro2012 (em que dirigiu a final) e do Mundial 2014. Como profissional apitou 466 jogos (362 em competições nacionais e 104 em internacionais).. Deixou de apitar a 22 de janeiro de 2015. Justificou a decisão de deixar a arbitragem com o “desgaste físico e mental” que sofreu durante a longa carreira que teve e mostrou-se logo disponível para servir o futebol português de fato e gravata. “Estou disponível para contribuir no que for necessário em prol da arbitragem e do futebol português”, disse, aquele que ficou conhecido por tratar os jogadores por “meu querido” e assim impor a lei do apito. .Teve dias maus, mas nenhum superou a violenta agressão de um adepto benfiquista em agosto de 2011. “Podemos cair e ir ao tapete, mas nunca nos vencerão”, reagiu na altura o ex-árbitro na sua página do Facebook, admitindo em 2014, numa entrevista ao Diário de Notícias, que aquele episódio era “o pior” que lhe tinha acontecido “na carreira”..Casado e com uma filha, licenciou-se em gestão de empresas no Instituto Superior de Gestão, e começou a trabalhar como auditor em outubro de 1995, na KPMG. Foi ainda diretor da Natureza Verde, em Leiria, uma empresa de recolha e transporte de resíduos sólidos, e administrador de insolvências, dando apoio técnico a magistrados em comarcas de todo o país. Tem uma empresa metalúrgica, a Fanamol, especializada em molas para o setor automóvel. .isaura.almeida@dn.pt