Montanha russa de emoções para Miguel Oliveira no adeus ao MotoGP em casa
JOSÉ SENA GOULÃO

Montanha russa de emoções para Miguel Oliveira no adeus ao MotoGP em casa

Piloto vive dias intensos no Autódromo Internacional do Algarve, onde, no domingo, se despede. Uma corrida especial com um capacete especial, onde escreveu - “O menino que acreditou”.
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A pista de Portimão tem sido "a casa" de Miguel Oliveira nos últimos 15 anos, nove deles no MotoGP. A receção apoteótica que teve no palco da fanzone ao som de "A Minha Casinha", dos Xutos e Pontapés, depois de um 16.º lugar na corrida sprint, é apenas um exemplo do carinho e apoio que o português tem sentido por estes dias no Autódromo Internacional do Algarve. E ele tem feito questão de agradecer com autógrafos, sorrisos e uma quantidade de selfies inimaginável.

Do lado de fora do circuito sente-se o verdadeiro pulsar da paixão pelo motociclismo. São milhares os amantes do MotoGP que vivem intensamente o evento, compram bilhetes, consomem merchandising e fazem despesa numa fanzone muito portuguesa a nível gastronómico, com bifanas, pão com chouriço e pastéis de nata, enquanto no paddock desfilam VIP, convidados das equipas, dos patrocinadores, da organização do Grande Prémio de Portugal, da dona do campeonato, a Dorna, e da Federação Internacional de Motociclismo.

Na fervilhante e colorida fanzone, o mítico 46 de Valentino Rossi já perde para o 88 de Miguel Oliveira. Às 15h00 em ponto, a praça silencia-se de olhos postos no ecrã gigante para o arranque dos motores para a corrida sprint, que foi ganha por Alex Márquez (Ducati). Apreciam a corrida pelo prazer da corrida e não exigem mais ao piloto da casa, após a desastrosa qualificação para o seu último Grande Prémio de Portugal no MotoGP.

No domingo, às 13h00, do 19.º lugar da grelha de partida para a corrida do adeus em casa. Em 2026, o Falcão vai voar para a BMW e para as Superbike, deixando a elite do mundial de velocidade. E por mais que a organização do evento português defenda que o evento vive por si, o 88 vai fazer muita falta às milhares de camisolas, bonés e bandeiras que por estes dias desfilam no autódromo, na zona de Portimão.

"Somos um país pequeno, mas somos muito grandes. Vejo imensas bandeiras portuguesas por todos os circuitos e isso diz muito sobre nós. Gostamos de estar lá para os nossos e serei sempre grato por isso, porque estiveram sempre durante o meu percurso que foi inesperado, nunca tinha acontecido. Não quero que todos gostem de mim, mas espero que muitos tenham passado a gostar mais deste desporto", disse o piloto, que, na última quinta-feira levou cerca de 3000 pessoas à cerimónia de lançamento do GP de Portugal, um momento inspirador para cerca de 1200 miúdos ávidos da atenção do piloto português. E quando viu um miúdo em lágrimas à sua frente, pegou nele e sentou-o na sua mota.

Já este sábado, depois dos testes de qualificação não terem corrido nada bem ao português, Hervé Poncharal, o proprietário da equipa Tech3, com que Miguel Oliveira conseguiu as primeiras vitórias na prova rainha e que vai deixar a equipa que liderou desde 1990, foi à boxe do português da Yamaha para lhe dar um abraço. O Falcão de Almada emocionou-se.

Miguel Oliveira chegou à sala de imprensa acompanhado pela filha, Alice, que olhou para o pai e perguntou de forma tão inocente quanto uma criança de quatro anos consegue ser: "Pai, ganhaste?" Miguel sorriu e respondeu - "não, foi ele", e apontou para Alex Márquez que abandonava a sala de imprensa, depois de falar aos jornalistas, e alinhou na troca de mimos: "Não digas isso, ela vai ficar a odiar-me!" Mas Alice só queria mesmo o colo do pai e não o do piloto.

Mais a sério admitiu que não tem conseguido “ficar à margem das emoções” e do carinho de milhares de apoiantes. “É impossível não ficar emocionado ou ficar indiferente. Só pelo simples facto de eu estar na grelha, para eles, já é motivo para estarem comigo”, disse o português, revelando que isso lhe “dá força para fazer melhor", e, com a ajuda da mota as coisas são capazes de correr bem”.

O Grande Prémio de Portugal no MotoGP é a sua corrida 116 no Mundial em que soma cinco triunfos, sete pódios e uma pole position, no ano da vitória em Portimão, em 2020. E seja qual for a posição no final da última corrida em casa, Miguel Oliveira vai sair vencedor, porque o 88 (que começou como 44) vai perdurar nas camisolas, nos bonés e nas bandeiras, assim como o Falcão, que abriu caminho a mais Miguéis e outros oitenta e oitos no MotoGP.

isaura.almeida@dn.pt

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