O andebol ganhou mais de 17 mil atletas no pós-pandemia. Um crescimento que não é certamente alheio aos bons resultados da seleção masculina na última década. No passado dia 2 de fevereiro, Portugal despediu-se do Mundial de Andebol com um histórico 4.º lugar. Um dos bons resultados das seleções nacionais nos últimos 15 dias.Quando regressaram a Portugal, Martim e Francisco Costa, Iturriza e Salvador Salvador desfilaram entre programas de rádio e televisão e ouviram um país inteiro a falar de andebol. Uma semana depois a atenção já se centrava noutras modalidades, como o futsal, com a seleção masculina a garantir a esperada qualificação para o Euro2026.. No dia 10 de fevereiro, outro grande feito das modalidades coletivas, com o apuramento precoce dos Lobos para o Mundial de Râguebi de 2027 a disputar atenções com a inédita qualificação da seleção feminina de basquetebol para o Europeu, modalidade que tem hoje menos praticantes do que há dez anos. E na sexta-feira foi a vez da equipa de basquetebol masculino também se apurar para o Europeu.Olhando para o número de atletas, contudo, Portugal ainda é um país de futebol. Mesmo juntas, as outras modalidades coletivas ainda não conseguem rivalizar com o o desporto Rei, que tem mais de 192 mil federados. O futsal cresceu a olhos vistos e de forma sustentada desde 2011. Com a pujança financeira da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a modalidade passou a ser das mais praticadas em pavilhão, resultado da aposta de Fernando Gomes e do agora secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, na altura diretor-geral da FPF com a pasta do Futsal - em 10 anos ganhou mais de 13 mil jogadores.O segredo dos três títulos continentais em menos de quatro anos esteve no processo de crescimento. Ter um Ricardinho também ajudou, porque os grandes jogadores são sempre o melhor chamariz. Que o diga o futebol de Praia, que teve em Madjer o seu maior embaixador. Eleito o Melhor do Mundo por várias vezes, o antigo jogador passou a pasta.A modalidade tem hoje quase seis vezes mais atletas, mas vive em crise, com o Campeão Nacional, o Sp. Braga, a fechar a secção. Os melhores jogadores portugueses dividem-se entre competições no estrangeiro e jogos da seleção, que preparam a participação no Campeonato do Mundo FIFA Seychelles 2025.Conto de fadas do basquetebol no feminino Na última década, a pandemia de covid-19 afetou a prática desportiva, mas mesmo assim Portugal ganhou cerca de 250 mil atletas entre 2013-14 e 2023-24. E mais mulheres do que homens em termos percentuais. A inédita qualificação da equipa feminina de basquetebol para o primeiro Europeu da história, depois de um triunfo sobre a Sérvia (57-40), no passado dia 9, é um bom exemplo de como a modalidade que mais atletas perdeu na última década - passou de 38 347 inscritos para os atuais 30 833- já começou a inverter esse cenário. O basquetebol foi, aliás, o único a perder atletas mulheres (5097). Agora, a seleção de Márcia Costa (ver entrevista) e companhia vai jogar o Campeonato da Europa no verão, tal como a seleção masculina (volta a um Euro 14 anos depois), que também luta pela recuperação de atletas, alavancada pelo facto de pela primeira vez haver um português na NBA - Neemias Queta, nos Boston Celtics.O râguebi tem-se mantido entre os 4 e os 6 mil federados, embora o número de inscritos atualmente seja um pouco inferior ao registado em 2013-14, mas no feminino quase triplicou. A presença no Mundial Austrália2027 foi garantida de forma direta e sem recurso a play-off ou repescagens como em 2007 e 2023. Notável, tendo em conta que o râguebi em Portugal ainda é uma modalidade amadora.Longe do mediatismo de outros desportos de pavilhão, o voleibol é a modalidade que, segundo os dados do Instituto Português do Desporto e Juventude, a quem as 62 federações reportam o número de praticantes federados todos os anos, tem mantido o vigor (quase 60 mil atletas, sendo só batida pelo futebol), embora os resultados com dimensão internacional oscilem. O ano passado a equipa masculina garantiu a presença no Mundial que decorrerá no próximo mês de setembro, algo que só tinha conseguido em 1956 e 2002.Já o hóquei em patins, apesar de ser um dos desportos mais populares em Portugal, com 7022 hoquistas e cuja seleção masculina ganhou 15 títulos Mundiais e 20 Europeus, tem sido vítima da pouca dimensão planetária. O hóquei é uma das três modalidades coletivas que já representaram Portugal nos Jogos Olímpicos (foi modalidade experimental em 1992 e depois deixou o calendário olímpico). As outras são o futebol (Amesterdão1928, Atlanta1996, Atenas2004 e Rio2016) e o andebol (Tóquio2020).isaura.almeida@dn.pt .Márcia Costa: “É altura de deixarem de olhar para nós como um país de pouco basquetebol”