Almeida (esq.) Jonas Vingegaard (centro) e Tom Pidcock na última etapa, que não iria terminar.
Almeida (esq.) Jonas Vingegaard (centro) e Tom Pidcock na última etapa, que não iria terminar.EPA/Javier Lizon

João Almeida confirma segundo lugar em última etapa caótica da Vuelta

Manifestantes pró-Palestina invadiram a estrada e provocaram tumultos perto da linha da meta, obrigando à anulação da tirada. Dessa forma, tudo ficou como no final da penúltima etapa.
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Tal como se previa, João Almeida terminou a Volta a Espanha no segundo lugar, tendo igualado Joaquim Agostinho como melhor português na prova. Recorde-se que este último tinha ficado na mesma posição em 1974, a apenas 11 segundos do vencedor. João Almeida (UAE Emirates) terminou um pouco mais longe, a 1.16 minutos de Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), o primeiro dinamarquês a ganhar a prova.

Isto depois de a última etapa, a 21.ª, ter sido cancelada, devido à invasão do circuito final por manifestantes pró-Palestina. E nem a grande operação de segurança, que envolveu cerca de 1500 efetivos das forças policiais, evitou o caos, tendo-se registado confrontos muito feios. O final da Vuelta foi o mais estranho de sempre, pois nem sequer houve condições para a realização da cerimónia final do pódio.

Almeida (esq.) Jonas Vingegaard (centro) e Tom Pidcock na última etapa, que não iria terminar.
Manifestação a favor da Palestina obriga a terminar mais cedo Volta a Espanha

Com a anulação da etapa, a geral manteve-se exatamente como estava no final da penúltima etapa. Recorde-se que anteontem, quando tinha de recuperar 45 segundos para Jonas Vingegaard, João Almeida não resistiu ao ataque do líder no final da subida da Bola del Mundo, tendo terminado essa etapa, a penúltima, a 1.16 minutos do líder.  

Almeida (esq.) Jonas Vingegaard (centro) e Tom Pidcock na última etapa, que não iria terminar.
João Almeida igualará feito de Joaquim Agostinho 51 anos depois

No entanto, contas feitas, João Almeida apresentou-se a um nível altíssimo na Vuelta e foi o único que deu real luta a Jonas Vingegaard. E obteve o seu segundo pódio em Grandes Voltas, depois do terceiro lugar na Volta a Itália de 2023. Mais um sinal da sua contínua evolução, recordando-se que em 2024 tornara-se no primeiro português a conseguir terminar as três grandes voltas no top-5. Antes deste segundo posto na corrida espanhola, obtivera como melhor resultado na Volta a Itália o terceiro lugar, em 2023, enquanto no Tour de France o melhor que conseguiu foi o quarto lugar, em 2024.

Por outro lado, o corredor da UAE Emirates tem agora um registo de sete presenças no ‘top 10’ das Grandes Voltas, aproximando-se de Joaquim Agostinho, que conseguiu 11 presenças entre os dez primeiros, com destaque para os dois terceiros lugares no Tour (1978 e 1979).  

João Almeida parece ter todas as condições para, dentro de poucos anos, tornar-se no melhor ciclista português de todos os tempos. Foi em 2016, com 18 anos, que começou a tornar-se conhecido do grande público, ao sagrar-se duplo campeão de Portugal (estrada e contrarrelógio). Em 2017, obteve a sua primeira vitória internacional de relevo, ao vencer a terceira etapa do Tour de Mersin e, apenas cinco dias mais tarde, ganhou a segunda etapa da Toscana-Terre de Cyclisme, prova que concluiu no quarto posto.

Em 2018 assinou pela equipa norte-americana Hagens Berman-Axeon e em 2020 mudou-se para a UCI WorldTeam Deceuninck-Quick Step e logo se tornou líder da equipa no Giro, aproveitando a ausência de Remco Evenepoel, por lesão. A sua evolução prosseguiu imparável e a partir de 2022 a presença no top 5 final das Grandes Corridas passou a ser uma constante.

Manifestantes provocaram o caos

Como já era expectável, os manifestantes pró-Palestina aproveitaram a última etapa e o facto da chegada ser em Madrid para se fazerem notar. E a etapa teve mesmo de ser interrompida no quilómetro 57, a 43 quilómetros do final, quando algumas dezenas de pessoas invadiram a estrada, em vários pontos do percurso, impedindo a passagem normal dos ciclistas e entoando palavras contra Israel, gritando “isto não é uma guerra, é um genocídio". Os protestos, mais uma vez, tiveram especial incidência na participação da equipa israelita Israel-Premier Tech.

Barreiras derrubadas e muitos manifestantes perto da meta.
Barreiras derrubadas e muitos manifestantes perto da meta.EPA/Rodrigo Jimenez

Por outro lado, perto da meta, milhares de pessoas com bandeiras e outros símbolos da Palestina organizaram uma marcha e algumas dezenas derrubaram as barreiras de segurança que cercavam o Passeio do Prado, entre a zona da meta e a estação da Atocha. Outros manifestantes invadiram o circuito no último quilómetro, e em Atocha a situação ficou muito complicada, com confrontos entre os manifestantes e a polícia.

Às 18h07, numa nota oficial através do X, a organização da Volta a Espanha anunciou que, “por razões de segurança, a 21ª etapa termina mais cedo e não haverá cerimónia de pódio”.

Foi já a pensar na possibilidade de tumultos que a organização  promoveu alterações no trajeto da última etapa, desviando o percurso de algumas zonas do centro. Uma das alterações mais significativas foi a não passagem do pelotão por Alcobendas, substituída por uma variante. Mas todos estes esforços não impediram os episódios de violência que obrigaram à interrupção da etapa…

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