José Mourinho: "Se ficasse em casa até ao final da época ganhava mais do que a trabalhar no Benfica"
FOTO: SL BENFICA

José Mourinho: "Se ficasse em casa até ao final da época ganhava mais do que a trabalhar no Benfica"

Treinador do Benfica abordou o jogo com o Rio Ave, da 1.ª jornada da I Liga, que diz ser um adversário melhor do que indica os pontos que conquistou.
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José Mourinho ainda não era treinador do Benfica na primeira jornada da I Liga 2025/26, mas será ele a orientar a equipa no jogo de acerto de calendário com o Rio Ave, esta terça-feira, dia 22 de setembro, às 20h15, no Estádio da Luz (BTV). E com essa garantia e expressão de comprometimento: "Se ficasse em casa até ao final a época ganhava mais do que a trabalhar no Benfica."

Depois de se estrear de águia ao peito com uma vitória na Vila das Aves (3-0), no passado sábado, o técnico dos encarnados prepara-se para a estreia no Estádio da Luz. "Se calhar sou purista, mas não acredito que não haja um benfiquista que não queira ganhar, tem de haver festa no princípio, apoio durante e no final, o Benfica ou ganha, porque se não ganhar sai morto. De cansaço e por tentar. Perder como perdemos com o Qarabag, as pessoas não se reveem nisso. No fim do jogo será festa ou respeito por quem deu tudo", disse o técnico, admitindo voltar a apostar em Pavlidis e Ivanovic juntos no ataque.

E espera "um adversário que é melhor do que os pontos que conquistou até agora": "Têm treinador, organização, sabem o que querem, têm jogadores de boa qualidade... Vale o que vale mas têm 24 horas a mais do que nós para preparar o jogo. Espero um jogo difícil, precisamos do fator casa, é importante. A equipa está a crescer, do ponto de vista emocional  uma conexão com os adeptos, em casa, pode ser uma empatia importante para defrontarmos um adversário difícil."

Com um jogo e quatro treinos, Mourinho disse que não procura " ir à procura de coisas negativas do passado" e que irá certamente aproveitar o "bom trabalho feito por quem esteve antes dele, leia-se Bruno Lage, mas defendeu que cada treinador é diferente e "é importante que os jogadores abracem as novas ideias". E ele tem "a sensação" que o plantel está a "abraçar" a sua maneira de trabalhar e de liderar: "Não somos um grupo de melhores amigos, mas estamos a construir algo importante do ponto de vista humano. Do ponto de vista tático tem de ser pouco a pouco."

O special one explicou ainda que nada teve a ver com a saída de Bruno Lage e que não teve qualquer contacto com o Benfica até se saber da saída do conterrâneo do comando técnico das águias. "Se quiserem acreditar em mim, ótimo, se não não posso fazer nada. Há a verdade de outras pessoas, mas vou repetir para que não fiquem dúvidas. No verão não tive contacto nenhum com o Benfica, com o presidente, ou agente mandatado. O diretor Mário Branco nem estava no Benfica. Eu tinha contrato com o Fenerbahçe e queria cumprir até ao final. Na minha cabeça estava longe pensar voltar a Portugal como treinador de clube. Mas não tinha contacto com a Federação. Tive zero contatos com o Benfica", garantiu o setubalense, negando ter mantido contacto com Mário Branco, que era diretor desportivo do Fenerbahçe, antes de se mudar para a Luz.

E esclareceu como foi o contacto com Rui Costa: "Quando o Benfica perde com o Qarabag (3-2, depois de estar a vencer por 2-0), eu estava em Barcelona com a minha mulher e no dia seguinte o presidente ligou-me a perguntar "mister, vale a pena conversarmos, gostava que viesse treinar o Benfica. Podemos conversar?" Eu disse que sim. E acabou a história. Se quiserem acreditar em mim agradeço. Se quiserem alimentar uma história que não tem história, não posso fazer nada."

E se o convite tivesse partido de Frederico Varandas (Sporting) ou André Villas-Boas (FC Porto): "Se tivesse sido convidado, honestamente não sei se teria aceite, mas com a velocidade que disse sim ao Benfica, não", respondeu o treinador, confirmando que ligou aos presidente dos maiores rivais do emblema da Luz.

E com essa certeza: "Se ficasse em casa até ao final a época ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. A visitar a família, a ir para o Algarve, a dar umas voltas por aí... Nem se pode dizer que estou cá grátis, estou cá negativo. Porquê? Porque gosto muito de trabalhar, tinha saudades de jogar para o título, para aquilo que o Benfica joga. Oportunidade ótima para mim enquanto treinador e enquanto pessoa. Quero pôr-me à prova, correr riscos, estar sujeito a ganhar, perder, são coisas que me alimentam, me tiram da zona de conforto. Se ficasse em casa até junho ganhava mais do que a trabalhar no Benfica."

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José Mourinho elogiou ainda a liderança de Otamendi. "Isto é uma equipa de miúdos com um homem que é campeão do Mundo, que é o capitão. Há clubes onde a braçadeira não está no braço certo, já me aconteceu, mas neste caso está no braço de alguém que é verdadeiramente capitão e se assume como tal", disse, revelando-se surpreendido com o "sentimento de responsabilidade dos miúdos da formação", no dia em que o centro de treinos do Seixal faz 19 anos.

Sobre as eleições do próximo dia 25... até ao dia da eleição de novo presidente ficam fora do balneário, apesar dele ter sido contratado por um dos candidatos e atul líder do clube. "Se me perguntar se fiquei agradado por candidatos terem proferido palavras de respeito para comigo, digo que sim. Mas estou isolado desse contexto. Quero dar o máximo cada dia, e é o presidente Rui Costa que cá está, foi ele que deu o grande passo de me convidar para trabalhar no Benfica. Eu não sou importante. Com o passar dos dias o foco é o Benfica, é o que interessa."

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