José Mourinho voltou ao futebol português mais de 20 anos depois e estreou-se este sábado no banco do Benfica com uma vitória por 3-0 frente ao AVS. No final, na conferência de imprensa, o treinador voltou a realçar a dimensão “gigante” do Benfica, avisou os jogadores de que o triunfo “foi bom, mas nada de extraordinário” e acabou a falar do… FC Porto, antecipando já a visita que se avizinha ao clube português pelo qual obteve sucesso internacional e em cujo estádio esteve poucos dias antes de ser apresentado na Luz.O técnico deixou uma garantia: não votou ao futebol português para chatear o FC Porto nem para fazer guerra. “Se me perguntarem se o FC Porto é um dos maiores clubes do mundo, digo que sim. Se é um gigante, digo que sim. Não vim para o Benfica para chatear o FC Porto, vim para treinar um clube grande, com grandes ambições. Espero que não fiquem chateados comigo. O FC Porto faz parte da minha história e eu faço parte da história do Porto”, declarou, numa alusão também aos insultos de que foi alvo em cânticos de adeptos portistas no jogo dos dragões frente ao Rio Ave, na véspera.Mourinho, que voltou a frisar que esperava que o regresso ao futebol português se fizesse um dia pela porta da seleção nacional e que o Benfica foi uma oportunidade de voltar a treinar “um gigante do futebol mundial”, revelou ainda que, já depois de assinar pelo clube da Luz conversou com os presidentes dos clubes rivais, de quem assumiu ser amigo. “Depois de vir para o Benfica, falei com o Villas-Boas e com o Varandas, o presidente do Sporting. O facto de ser treinador do Benfica não significa que vim para fazer guerra. Se acho que vou ser ovacionado novamente no Dragão, obviamente que não (…) Os adeptos tiveram aquela receção fantástica para comigo, que acho que mereço, mas agora seremos inimigos em 90 minutos. Inimigos desportivos, só isso. O FC Porto quer ganhar e eu quero ganhar. Nada mais do que isso."De resto, o técnico deixou claro que não está de volta a Portugal por razões pessoais. “A minha casa é em Londres. Isto não é um regresso definitivo a Portugal. É um contrato de dois anos com o Benfica e depois veremos. Vim porque é um gigante. Estive no Real Madrid, no Manchester United, na Roma — clubes enormes — e agora tenho a oportunidade de treinar outro gigante. Não é por estar a 20 minutos de Azeitão, é por sentir a exigência e voltar a pôr-me à prova.”.Benfica iguala maior vitória da época na estreia de Mourinho . A mensagem para os jogadores: "Foi bom, mas nada de extraordinário"Sobre o primeiro jogo, Mourinho explicou que a prioridade foi dar estabilidade a uma equipa que vinha de dias complicados. “Houve coisas que gostei muito. Jogando praticamente com os mesmos jogadores, conseguimos fazer coisas diferentes. Disse-lhes no fim: ‘Foi bom, mas nada de extraordinário. Despachem-se que amanhã temos treino’.”A análise ao encontro foi pragmática: uma primeira parte nervosa, uma segunda parte segura. “Ao intervalo disse que tínhamos de entrar com atitude ganhadora, não podíamos permitir ao AVS intrometer-se no jogo. Aproveitámos o momento difícil do adversário e acabámos por resolver.”Mourinho fez questão de elogiar os jogadores e o espírito que encontrou no balneário: “Os rapazes que nasceram praticamente no Benfica parecem irmãos. É uma irmandade. Homens felizes e relaxados jogam melhor do que homens sob pressão. Vou tentar ajudá-los com a minha experiência, até no ambiente: a viagem para o jogo foi pesada, a do regresso será mais leve.”.Líder FC Porto vence Rio Ave em Vila do Conde e continua com pleno de vitórias. Veja aqui os golos