João Cancelo: “Não tenho qualidade para jogar a número 10 na seleção"
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João Cancelo: “Não tenho qualidade para jogar a número 10 na seleção"

Lateral direito português lembrou este domingo trauma do afastamento do Euro2020 e elogiou Roberto Martínez, "um selecionador muito próximo dos jogadores".
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João Cancelo é um dos jogadores mais titulados e experientes da seleção nacional, mas também é um estreante em europeus, depois de ter falhado o Euro2020 (jogado em 2021) devido à covid-19: “Estou muito motivado para este Europeu, quero dar resposta por mim, pela minha família e por quem gosta de mim. Vou meter as cartas todas na mesa, dar o máximo e ajudar Portugal o melhor que conseguir. Não esqueço o que me custou ficar fora em 2020.”

O lateral direito do Manchester City, que esteve emprestado ao Barcelona, confessou que a “incerteza” sobre onde vai jogar na próxima época o afetou um pouco até ao dia da concentração: “Quando entrei aqui esqueci totalmente isso, 100% focado na seleção e em ajudar Portugal.”

E mesmo para quem já foi considerado o melhor lateral do Mundo é fácil admitir que “a concorrência nas laterais é muito forte”. Mas João Cancelo está preparado para dar luta a Diogo Dalot, Nélson Semedo e Nuno Mendes e jogar em qualquer lado...menos a organizador de jogo. “Não tenho qualidade para jogar a número 10 na seleção. Para mim torna-se indiferente jogar à direita ou esquerda, é habitual fazer o corredor direito ou esquerdo, tento ajudar a equipa para conseguirmos o objetivo final que é sempre o de ganhar”, disse o camisola 20, perfeitamente adaptado aos sistemas de Roberto Martínez. 

Mesmo que o selecionador opte por um esquema de três defesas centrais? “Gosto de ter bola, gosto muito de atacar, como já deu para perceber. Se tiver três centrais, estou mais salvaguardado defensivamente, sem dúvida”, respondeu Cancelo, garantindo que o entendimento ofensivo com Rafael Leão e João Félix é bom dentro e fora de campo, porque “afinal de contas, é fácil jogar com jogadores desta qualidade”. 

João Cancelo ressalvou ainda o papel do técnico no seu bom desempenho: “O Roberto Martínez fez-me sentir à vontade a nível desportivo e pessoal desde o primeiro momento. É muito próximo dos jogadores, tem boas ideias, gosta de atacar, privilegia futebol ofensivo e atrativo. Identifico-me porque penso da mesma maneira. Os meus companheiros pensam da mesma maneira, esperamos dar-lhe uma alegria, pois tem feito a diferença.”

E não disfarçou o desconforto quando confrontando com um batalha de gerações no futebol português. “Há muita qualidade, mas também existiu em gerações anteriores. No Euro2004, quando era miúdo, tínhamos jogadores fenomenais, chegaram à final. Se conseguirmos chegar à final, fazer esse feito e ganhar, iremos ficar na história. Depois há a geração de 2016 que ganhou o Europeu e ficou na história de Portugal. Esperamos ficar nós também num futuro próximo”, disse o jogador. 

Olhando para o jogo de estreia com a Rep. Checa, o defesa português espera “uma equipa muito agressiva com jogadores muito altos, de grande condição atlética”, que vão certamente dificultar bastante quando Portugal tiver a bola: “Vamos ter que estar organizados na perda da bola, tentar, se possível, desorganizá-los, marcar um golo cedo para tranquilizar o nosso jogo.”

isaura.almeida@dn.pt

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