A direção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) informou esta quarta-feira que aceitou o "pedido de revogação de contrato do prestador de serviços Paulo Lourenço", um dos dois arguidos na investigação à venda da antiga sede da FPF.O organismo agora liderado por Pedro Proença garante ainda que irá interpor "ações judiciais contra quaisquer pessoas e entidades que venham a ser responsabilizadas por danos causados à Federação Portuguesa de Futebol".Foi ainda decido adotar mais medidas anticorrupção e a extensão da auditoria, que decorria desde o dia 17 de março, referente aos anos entre 2020-24, ao mandato 2016-20, altura em que a FPF vendeu ambos da presidência de Fernando Gomes, que na terça-feira tomou posse como presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).A venda da antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), na Rua Alexandre Herculano, está sob investigação da Polícia Judiciária (PJ) e promete abalar as duas mais importantes instituições desportiva do país, uma vez que remonta ao mandato de Fernando Gomes, que na terça-feira tomou posse como presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP). Em causa estão suspeitas da prática de crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem, participação económica em negócio e fraude fiscal, segundo o comunicado da PJ, que fez buscas na Cidade do Futebol, nova sede da FPF, e mais 19 locais. A investigação está a cargo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) de Lisboa, foi aberta em 2021 e deu origem à Operação Mais-Valia, depois de serem “identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas, sobretudo, com a intermediação da venda” do edifício em questão, por mais de 11 milhões de euros, segundo se pode ler no comunicado da PJ.Eis o comunicado da FPF:"Os elementos da Direção da Federação Portuguesa de Futebol, reunidos de urgência na manhã desta quarta-feira, expressaram de forma unânime a sua estupefação e indignação pela forma como a honra e reputação da instituição foram afetadas por todos os acontecimentos ocorridos no dia de ontem. Reafirmaram também o seu compromisso quanto à absoluta intransigência perante práticas ilícitas ou criminais que venham a ser apuradas, agindo de modo inflexível em relação a qualquer pessoa ou entidade que tenha lesado os interesses e o bom nome da instituição.Decidiram, ainda, a implementação imediata de um conjunto de medidas.1. Extensão ao mandato 2016-2020 da Auditoria que já decorre, desde 17 de Março, referente aos anos entre 2020-2024, que permita uma análise minuciosa e aprofundada, sobretudo nas áreas críticas que envolvem pagamento de comissões, prestações de serviços e procedimentos na área de recursos humanos, por forma a apurar eventuais responsabilidades civis ou criminais.2. Implementação imediata de processo de averiguação interna aos procedimentos administrativos de todos os departamentos da Federação Portuguesa de Futebol;3. Aceitação, com efeito imediato, do pedido de revogação de contrato do prestador de serviços Paulo Lourenço.4. Reforço das políticas de compliance e dos mecanismos de escrutínio da idoneidade de todos membros dos Órgãos Sociais, funcionários e colaboradores da Federação Portuguesa de Futebol;5. Implementação de certificação nas normas internacionais: ISO 9001 (qualidade), ISO 27001 (segurança da informação) e ISO 37001 (anticorrupção);6. Promoção da criação de um Comité de Ética (proposta de alteração dos estatutos);7. Constituição da FPF como assistente em todos os processos de natureza criminal em curso em que estejam em causa prejuízos para a FPF;8. Interposição de ações judiciais contra quaisquer pessoas e entidades que venham a ser responsabilizadas por danos causados à Federação Portuguesa de Futebol. A terminar a reunião, os elementos da Direção demonstraram a convicção de que as medidas agora adotadas servirão para que a Federação Portuguesa de Futebol seja sempre vista como um exemplo de boas práticas, transparência e defesa dos melhores valores cívicos e desportivos.".Paulo Lourenço nega ter tido qualquer benefício na venda de antiga sede da FPF.Venda de antiga sede da FPF sob suspeita, atinge ex-deputado do PS e abala Fernando Gomes no COP