Quaresma foi buscar a felicidade

Portugal ganhou no prolongamento após um jogo muito tático, em que Ronaldo rematou pela primeira vez no lance do golo aos 117", logo a seguir a Perisic ter acertado com a bola no poste de Patrício
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Portugal vai aos quartos-de-final do Europeu, depois de ter ganho ontem à noite em Lens por 1-0 à Croácia, com um golo de Quaresma já no prolongamento, praticamente na única oportunidade criada pela equipa, naquilo que foi um jogo muito tático e que só no prolongamento se desbloqueou.

Foi, de resto, em seis minutos que tudo se decidiu: Perisic está perto de marcar, depois atira de cabeça ao poste e, em contra-ataque, Renato Sanches conduz a bola, toca para Nani na esquerda, este já na área faz um passe que vai ter a Ronaldo, sobre a direita da área, tiro de pé direito do capitão, Subasic ainda defende, mas é Quaresma que aparece a depositar na rede.

A seguir Vida ainda esteve para empatar, numa grande pressão final croata, mas tudo acabou com aquele golo único aos 117", ou seja, aos 27" do prolongamento. Quaresma voltou a ser decisivo partindo do banco, algo que só acontece na seleção, porque nos clubes nunca gostou disso, mas com a equipa nacional Fernando Santos conseguiu fazê-lo sentir-se importante.

Até aí tinha sido um jogo completamente nulo de parte a parte, ou quase - basta dizer que o primeiro remate de CR7 foi aquele que deu o golo, sim, aos 117". Portugal teve menos um dia de descanso, é certo, a Croácia comandou mais o jogo, teve mais bola e remates, mas também não fez muito pelo golo. Os croatas têm mais talento, Portugal aceitou isso, defendeu quase sempre, mas nunca dentro da área. E agora segue-se Marselha, para um jogo frente à Polónia (5.ª, às 20.00), que à tarde ganhou nos penáltis à Suíça.

Fernando Santos acabou por fazer quatro mudanças em relação ao jogo anterior, deixando Vieirinha, Ricardo Carvalho, Eliseu e Moutinho de fora, e entrando Cédric, José Fonte, Raphaël Guerreiro e Adrien - que se estreava para condicionar Modric - contra uma Croácia que jogou com a equipa previsível, a mesma que alinhara a titular nos dois primeiros jogos.

Essa estabilidade ficou, aliás, patente no jogo, porque foi sempre mais clara na sua forma de estar em campo, tanto que nos 90 minutos só fez uma substituição, a do ponta--de-lança (Mandzukic por Kalinic) e mesmo já a acabar a partida. Estrategicamente, Adrien pegava em Modric, William em Rakitic e Cédric tinha muito cuidado com Perisic.

Num jogo de xadrez, em que tudo era calculado ao milímetro e a preocupação era não cometer sequer meio erro, a coisa andou por ali. De resto, pouco tempo a bola saiu da zona entre as duas áreas - raramente esteve perto das balizas e os guarda-redes não tiveram de fazer nenhuma defesa porque não houve um único remate enquadrado com a baliza.

Se com a Hungria tinha havido um teste às artérias dos portugueses, ontem foi mesmo o contrário, sem emoções, sem ninguém ver a baliza. Um daqueles jogos de 0-0 retinto que à meia hora já se calculava como iria acabar. Registe-se que Portugal teve menos bola (59%--41%), poucos remates (15-5) e fez muitas faltas - 28-12. Quase todas a meio-campo, valha a verdade, quase sempre para matar qualquer ideia de contra-ataque. O árbitro Velasco Carballo, fazendo jus à sua fama, só deu um amarelo, a William, por agarrar Brozovic.

Renato e Quaresma em campo

Fernando Santos ainda mexeu um bocadinho com o jogo, quando trocou André Gomes por Renato Santos, pouco depois do intervalo, mas a Croácia não lhe permitiu veleidades e para ver isso basta olhar por onde andou Modric o jogo todo - sempre muito perto da sua área, muito mais perto de Subasic do que de Rui Patrício. O colega de Ronaldo no Real foi segundo médio ao lado de Badelj, nesse duplo pivô que o treinador Cacic nunca desfez.

Era um jogo de redução do erro ao mínimo, de não fazer um drible, de não tocar uma nota fora da partitura definida. Foi o jogo de maior tédio do Euro, até porque Quaresma só entrou aos 87" (saiu João Mário). Quanto a Cristiano Ronaldo, apenas um remate à baliza, no lance do golo de Portugal, quase se viu mais a defender em cantos e livres do que ao ataque. Na primeira parte, Pepe, num livre, cabeceou fora do alvo e o mesmo aconteceu depois com Vida, mais tarde. E foi quase tudo, além de um lance em que o árbitro podia ter marcado penálti de Strinic sobre Nani, que rematou ao lado talvez ainda antes de o adversário lhe fazer a falta. Valeu aquele contra-ataque mortífero, a três minutos dos 120", a evitar a lotaria dos penáltis.

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