Oh la la, Antoine! A anfitriã treme mas ainda não cai
Depois de vencer dois jogos nos derradeiros minutos e de empatar o outro, a França voltou a sofrer para seguir em frente no Europeu que está a organizar. Em Lyon, a equipa de Didier Deschamps voltou a mostrar que está longe de ser um candidato pujante e só uma segunda parte de bom nível evitou que a República da Irlanda conseguisse vingar a mão de Henry que a afastou do Mundial de 2010. Além, claro, da inspiração de Antoine Griezmann, o avançado do Atlético de Madrid que é neto de portugueses e foi o autor dos remates que salvaram a França.
Ao fim de três jogos aborrecidos nestes oitavos-de-final, para se ser simpático, não podia ter começado melhor o encontro de ontem. Um golo logo aos dois minutos evitou uma partida demasiado tática, lançando um desafio aberto e rápido, com muitos remates e oportunidades para os dois lados. Tudo começou numa falta escusada de Pogba sobre Long dentro da área, nos instantes iniciais: Nicola Rizzoli assinalou a marca de penálti e Brady não perdoou, com a bola a bater no poste antes de se anichar no fundo das redes de Lloris.
Em desvantagem, os gauleses lançaram-se no ataque como loucos. Payet colocou à prova Randolph num livre direto e Griezmann cabeceou sobre a trave ainda nos primeiros dez minutos, mas a ansiedade rapidamente tomou conta da equipa. Após nova ameaça daquele que viria a ser o homem do jogo, Lloris evitou o segundo dos irlandeses após remate em vólei de Murphy. Em 25 minutos, as duas equipas remataram dez vezes, acertando sete no alvo (4-3 para os da casa).
Duffy, de cabeça, voltou a ameaçar, na sequência de um livre (41"), mas a melhor ocasião francesa só surgiu na compensação, com a defesa verde a dar o corpo às balas disparadas por Payet e Griezmann. Pelo caminho, o selecionador gaulês perdeu Kanté e Rami para o jogo dos quartos, devido à acumulação de amarelos.
Mudança e estoiro
Talvez por isso, Deschamps decidiu deixar o médio do Leicester nas cabinas, lançando o criativo Coman e alterando a composição da sua equipa para um 4x2x3x1. Do outro lado, os irlandeses, com menos três dias de descanso, começaram a dar sinais de menor fulgor físico: ainda conseguiram responder à primeira ameaça de Koscielny, num lance em que Lloris teve de se aplicar para impedir Long de desviar um cruzamento baixo ao segundo poste, mas por aí se ficaram.
As marcações começaram a falhar e Griezmann não perdoou quando se esqueceram dele no coração da área num cruzamento de Sagna: de cabeça, o neto de Amaro Lopes, antigo jogador do Paços de Ferreira, colocou a bola no fundo da baliza, de nada valendo o voo de Randolph. Já em claras dificuldades para conseguir pressionar e reduzir espaços, os irlandeses perderam o controlo: três minutos volvidos, aos 61, voltaram a ser surpreendidos, quando Giroud ganhou de cabeça aos centrais e colocou a bola numa posição central, onde Griezmann surgiu sem marcação e de pé esquerdo fez o 2-1. Para piorar as coisas, os ilhéus ficaram reduzidos a dez, em novo erro que deixou o dianteiro colchonero isolado, obrigando Duffy a derrubá-lo quando só tinha o guarda-redes pela frente. A eliminatória estava entregue.
Martin O"Neill tentou refrescar a equipa, que continuou a bater-se com alma mas sem força, e a França esteve perto do 3-1 em várias ocasiões - numa delas, Gignac acertou mesmo na trave. Não aconteceu, mas não era preciso. Antoine resolvera o problema e a França fica agora à espera de saber se tem Inglaterra ou Islândia no caminho rumo à final.