Estádio do Bessa, casa do Boavista
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Boavista chega a acordo com credores e evita encerramento

Direção dos axadrezados avisa que esta não é uma solução definitiva, mas que permite manter o clube em atividade.
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O Boavista chegou a acordo com os credores e evitou o encerramento do clube, anunciou esta terça-feira, 16 de dezembro, a direção dos axadrezados, que adverte que esta não é uma solução definitiva, mas que permite manter a instituição em atividade.

Em comunicado, o clube portuense disse que, na assembleia de credores realizada esta terça-feira, “os credores aceitaram a proposta apresentada pela direção e assumiram um compromisso que abre portas à viabilização do plano de recuperação financeira existente”.

“Neste momento, compromete-se o Boavista a assegurar a cobertura do défice corrente da sua exploração, condição que permite manter abertas as suas estruturas e garantir a continuidade da prática desportiva”, lê-se.

Considerando estar “num contexto particularmente exigente”, o Boavista diz que este acordo “resulta do trabalho desenvolvido em diálogo com os credores e demais intervenientes no processo, permitindo salvaguardar a atividade regular do clube, a participação das suas equipas em competição e a prática desportiva de cerca de 2.000 atletas, em várias modalidades”.

“A direção sublinha que este acordo não constitui uma solução definitiva, mas representa um passo determinante para preservar a atividade do Boavista Futebol Clube, assegurar a sua função social e criar condições para a construção de uma solução estrutural e sustentável”, refere.

A direção do Boavista diz continuar a ter “negociações com entidades públicas e investidores privados com vista à implementação de um plano de recuperação financeira sólido e responsável”, de forma a assegurar o futuro do clube.

Em final de novembro, a administradora de insolvência do Boavista tinha solicitado ao Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia o encerramento do clube, num requerimento em que a comissão de credores se pronunciava pelo fecho da atividade do emblema portuense, entendimento seguido pela administradora de insolvência, “devido ao mesmo estar a gerar prejuízos para a massa insolvente, com o consequente acumular de dívida”.

A liquidação do Boavista tinha sido aprovada em setembro, com os credores a rejeitarem o adiamento por 30 dias da votação do plano de recuperação da direção axadrezada, presidida por Rui Garrido Pereira, que recorreu dessa deliberação e vincava na altura que vai adotar “todas as medidas ao seu alcance para garantir o funcionamento regular do clube”.

Responsáveis por garantir a prática desportiva regular de quase 2.000 jovens atletas, as ‘panteras’ consideram a continuidade da sua atividade “essencial para preservar o valor institucional e histórico do Boavista e permitir a sua recuperação”, evitando impactos de “largo alcance”, numa altura em que já não têm uma equipa de futebol sénior masculino.

“O modelo de gestão aplicado à liquidação de sociedades comerciais não é diretamente aplicável a clubes desportivos. Os clubes desempenham uma função social ampla, cuja interrupção não se limita aos impactos contabilísticos, mas recai sobre comunidades inteiras”, notou, dizendo que o eventual encerramento “não determina o fim” do Boavista.

O clube detém 10% do capital social da SAD, que deveria disputar a II Liga em 2025/26, mas deixou de ter uma equipa profissional no verão e foi relegada administrativamente para o principal escalão da AF Porto, sendo 18.ª e última colocada e estando a alinhar como anfitriã no Parque Desportivo de Ramalde, a cerca de 2,5 quilómetros do Bessa.

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O clube inscreveu-se na quarta e última divisão distrital, mas, uma vez que está solidário com as dívidas da SAD, que contabiliza seis impedimentos de inscrição de novos atletas junto da FIFA, abdicou de competir em outubro, sem efetuar qualquer partida esta época.

A SAD, liderada pelo senegalês Fary Faye, tem alinhado com antigos e atuais atletas da respetiva equipa de sub-19, da II Divisão nacional daquele escalão, e continua a tentar resolver as restrições da FIFA - duas incidem sobre três períodos de inscrição e quatro têm duração ilimitada -, que tinham vigorado em anos anteriores e reapareceram em março, impossibilitando, para já, a utilização dos reforços oficializados durante o verão.

O clube tinha lançado no verão uma equipa sénior independente da SAD, afetada pela ausência de pressupostos financeiros aquando do licenciamento para as competições nacionais e cujo direito de apresentar um plano de recuperação foi aprovado por maioria pelos credores, que votaram por unanimidade a continuidade da atividade ‘axadrezada’.

Despromovido à II Liga em maio, após ter fechado a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas seguidas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título vencido em 2000/01.

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