Desporto
28 janeiro 2023 às 22h10

Taça da Liga encontrou caminho do Dragão ao fim de 16 anos e 5 finais

FC Porto venceu o Sporting (2-0) num jogo que acabou por repetir o triste espetáculo do clássico do ano passado. Portistas conquistaram o único troféu que lhes faltava e o segundo da época (depois da Supertaça). É o 83.º do palmarés e permite igualar o recorde de títulos do Benfica.

Foram precisos 16 anos e cinco finais para o FC Porto vencer a Taça da Liga, o único troféu que faltava no Museu dos dragões e no currículo de Sérgio Conceição, que assim se tornou o treinador com mais troféus da história do clube (9). Em Leiria, os dragões venceram o Sporting (2-0) de Rúben Amorim, que perdeu pela primeira vez na prova ao fim de 34 jogos e quase quatro anos. Os golos de Eustáquio e de Marcano fizeram assim história e atribuíram o título de campeão de inverno aos dragões, que assim igualam o recorde de títulos do Benfica (83). Pela primeira vez o FC Porto é dono dos quatro troféus da época, juntando a Taça da Liga à Supertaça, a Taça de Portugal e o campeonato.

Com Pedro Proença ladeado por Pinto da Costa e Frederico Varandas na tribuna do Estádio Dr. Magalhães Pessoa, Paulo Futre, que jogou nos dragões e nos leões, vestiu o fato de estafeta da pizzaria/sponsor da prova para entregar a bola. Vinha quentinha e queimou as mãos de Adán bem cedo. Aos nove minutos, o guarda-redes do Sporting tentou voar para apanhar uma bola rematada por Eustáquio, mas ela passou-lhe entre as mãos e assim o FC Porto inaugurou o marcador. O abanar de cabeça de desalento e de quem sabia o erro que tinha acabado de cometer não lhe tira culpas no lance.

Minutos depois, um erro de Cláudio Ramos só não deu em empate para o Sporting, porque o golo de Marcus Edwards foi anulado por fora de jogo. A saída em falso do guardião portista revelava algum nervosismo do habitual suplente de Diogo Costa, que mereceu a confiança de Sérgio Conceição.

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Os guarda-redes assumiram o protagonismo inicial e não pelos melhores motivos. Morita tentou explorar o nervosismo de Cláudio Ramos ao picar uma bola para lhe fazer um chapéu, mas não foi bem sucedido. E aos 36 minutos, o guardião portista contou com a ajuda da barra e do poste (no mesmo lance, em oito segundos) para manter a baliza inviolável. O remate/cruzamento de Pedro Porro (despediu-se do Sporting e segue para o Tottenham) foi travado pela barra e a recarga de Pedro Gonçalves acertou no poste!

Ao contrário do que Ugarte e Morita conseguiam fazer no meio campo leonino, travando as saídas rápidas do FC Porto para o ataque, Uribe não conseguia sozinho estancar a distribuição e ímpeto ofensivo leoninos. No final da primeira parte Paulinho apareceu na cara de Cláudio Ramos, depois de sentar Wendell, e rematou para defesa do guardião portista.

Apesar dos 64 % de posse de bola, dos dez remates (quatro à baliza) e das três oportunidades que criou para empatar, a equipa de Amorim chegou ao intervalo em desvantagem e isso tinha um brutal peso histórico. Há 70 anos que o Sporting não conseguia uma reviravolta numa segunda parte frente ao FC Porto (e ainda não seria hoje).

Os leões tinham de continuar a correr atrás do empate, mas o segundo tempo mostrou um jogo mais mastigado, menos fluído, menos bonito. E também mais lento, por culpa das muitas faltas e picardias - e alguns pedidos de penálti de parte a parte. Foi mais quentinho o segundo tempo e João Pinheiro tentou pegar no jogo com recurso a cartões amarelos, mas não foi bem sucedido e acabou por ter responsabilidade na forma como a partida decorreu... quase sem futebol.

Ninguém queria que se repetisse a vergonha do clássico de fevereiro do ano passado, que terminou com agressões e expulsões, mas a verdade é que foi quase... A reação de Wendell a uma provocação de Pedro Gonçalves foi algo alaranjada. O árbitro ficou-se pelo amarelo a ambos e isso só aqueceu ainda mais os ânimos. Minutos depois o Sporting ficou reduzido a dez jogadores. Paulinho e Otávio dividiram um lance e acabaram prostrados no relvado e agarrados ao rosto, mas no ajuntamento que se seguiu o avançado respondeu com um empurrão a Pepe e acabou por ver o segundo amarelo e o respetivo convite à saída. É assim há seis clássicos consecutivos para os leões.

O jogo pedia cabeça fria e coração quente, e o lema de Abel Ferreira no Palmeiras que foi citado por Sérgio Conceição na antevisão do jogo devia também ter sido seguido pelos leões, que assim se arriscam a terminar a época sem troféus. Aos 86 minutos, Marcano ficou esquecido na área leonina após um livre lateral, mas Pepê encontrou-o com um belo cruzamento e o espanhol (recordista de jogos na prova pelos dragões, 21) só teve de encostar para fazer o 2-0 e carimbar o triunfo, que faz do FC Porto o campeão de inverno.

isaura.almeida@dn.pt