Depois do PSG, a reforma. É esse o plano de Luís Campos, o diretor desportivo que revolucionou a filosofia do emblema parisiense e o transformou num clube vencedor da Liga dos Campeões, troféu que ergueu no passado dia 31 de maio e que hoje começa a defender, no Parque dos Príncipes, diante da Atalanta. “O PSG será o meu último projeto, prometi isso à minha família. O meu sonho é ganhar mais Ligas dos Campeões e campeonatos. Sonho para o clube em que trabalho. Depois do PSG, irei para a reforma, de certeza”, garantiu, à rádio RMC Sport, o português que lidera o projeto futebolístico do clube francês desde junho de 2022. Luís Campos disse ainda que demorou a renovar contrato até 2030 - assinou uma semana antes de o clube vencer a primeira Champions do seu historial -, devido a essa reflexão pessoal e familiar e não devido a um multimilionário convite saudita (20 milhões de euros por ano a dez anos): “Tomo decisões sem a pressão do dinheiro ou do projeto, mas pelo prazer. Refleti muito com a minha família e falei com o presidente. O Luis Enrique [treinador dos parisienses] disse-me que tinha de assinar porque íamos ser campeões da Europa”. O português, de 61 anos, explicou ainda que o papel no clube “não se resume ao PSG”, mas também passa por “ajudar o Qatar Sports Investments [grupo que é dono do clube] a crescer no plano que tem no futebol”. E que o trabalho de diretor desportivo não é apenas o mercado de transferências. “Aproveitei a minha experiência anterior como treinador para ajudar os treinadores, para compreender bem a relação que devemos ter com os jogadores, mas também os valores da disciplina, do rigor e da exigência diária para dar o máximo quando se joga duas ou três vezes por semana. Essa foi a grande diferença no PSG”, explicou, revelando que jamais contratará um jogador que o seu treinador não queira. E foi por isso que, em 2023, tanto ele como Luis Enrique foram frontais com o brasileiro Neymar - a contratação mais cara de sempre do futebol mundial, quando trocou o Barcelona por Paris, em 2017, por 222 milhões de euros - ao dizer-lhe que era melhor ele sair porque não encaixava nas ideias do treinador nem na nova filosofia do PSG, onde “o coletivo é a estrela”..Luís Campos diz que PSG será o último projeto antes da reforma e reclama Bola de Ouro para Dembelé.A missão e o métodoLuís Campos tem uma empresa de scouting que fornece serviços exclusivos, com a missão de ajudar os milionários donos de clubes a chegar ao sucesso desportivo e financeiro. Foi assim no Mónaco, como conselheiro do milionário russo Dmitry Rybolovlev, e depois no Lille, como assessor do empresário Gérard Lopez, e agora no PSG com Nasser Al-Khelaïfi. Em Paris a missão e a ambição mudaram. Começou como conselheiro para o futebol, mas passou a diretor desportivo com plenos poderes para orquestrar uma equipa vencedora fora de portas, depois do domínio avassalador na Ligue1. O objetivo foi conseguido no passado dia 31 de maio, numa final da Champions, em que os parisiense venceram o Inter, por 5-0. Tudo assente numa política de contratações de sucesso, com base num método inovador e criado pelo próprio. Os especialistas que trabalham para ele veem jogos gravados, analisam estatística e seguem jogos ao vivo à escala global para fazerem relatórios, que são depositados num programa - o Scouting System Pro. Ninguém tem acesso aos relatórios uns dos outros e só Luís Campos os vê a todos. Se três dos seus olheiros assinalam o mesmo jogador, é sinal de que aquele atleta é mesmo para ver ao vivo. São milhares de horas de futebol, em vídeo e in loco, antes de recomendar a contratação de um atleta. As qualidades físicas e técnicas são essenciais, mas o carácter é que define um talento de primeira linha, segundo Luís Campos.Segue-se a fase do negócio e com Portugal já foram vários: Benfica, Sporting e FC Porto somaram 264,5 milhões de euros desde junho de 2022. De Alvalade saíram rumo ao PSG Nuno Mendes (38 milhões de euros) e Ugarte (60 ME); da Luz foram Gonçalo Ramos (75ME) e João Neves (59,9ME); e do Dragão saiu Vitinha (41,5ME). isaura.almeida@dn.pt.De Luís Campos a Hugo Viana. Diretores portugueses fazem escola no futebol europeu