A Casa Guinness: Succession no século XIX.
A Casa Guinness: Succession no século XIX.

Séries de época para um outono feliz

Dramas que recuam aos anos 30, 80, 90, e até ao século XIX: eis quatro séries para mergulhar em diferentes expressões do passado, da história da cervejaria Guinness à de uma ladra de joias britânica.
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DA CASA GUINNESS

Onde ver: Netflix

Steven Knight está imparável: só nos últimos dois anos, o criador de Peaky Blinders assinou a excelente série This Town (que nos chegou através dos canais TVCine), O Véu (Disney+), com Elisabeth Moss, o argumento original de Maria, filme de Pablo Larraín sobre Maria Callas, e ainda Mil Golpes (Disney+), outra série ambientada na Londres vitoriana, com segunda temporada a estrear em 2026. Mantendo vários projetos em produção, agora é também o criador de A Casa Guinness, novo lançamento da Netflix, que segue a aventura dos descendentes de Benjamin Guinness, neto do fundador da cervejaria Guinness e responsável pela internacionalização da marca.

Na linha de Succession, esta é a história de uma das famílias mais ricas da Irlanda, que após a morte do referido patriarca, em 1868, tem de gerir o seu império “do pecado” num país politicamente tumultuoso. Os quatro herdeiros de Benjamin (três homens e uma mulher) veem-se então a braços com uma Dublin incendiária, munida de planos ocultos, conversas sussurradas e segredos de família, que, no decorrer de oito episódios com alma pop, procura muito mais o nervo da ação, a narrativa estilizada, do que a fidelidade aos factos - aliás, House of Guinness não pretende sequer ser um drama de base verídica; autointitula-se “ficção inspirada em factos”.

CONTRA A LEI

Onde ver: Filmin

Baseada no livro For the Love of Julie, escrito por Ann Ming, enfermeira britânica que sofreu o horror de ver uma filha assassinada em 1989, Contra a Lei retrata a luta desta mulher perante a falência do sistema judicial. Ao longo de apenas quatro episódios, a minissérie realizada por Erik Richter Strand (The Crown), e protagonizada por uma notável Sheridan Smith, disseca a dor e o combate de uma mãe que não aceita o absurdo de uma lei arcaica - Double Jeopardy Law - cujos termos impedem o julgamento de uma pessoa duas vezes pelo mesmo crime.

Da incompetência inicial da polícia à campanha que liderou para revogar a dita lei, chegando até à Câmara dos Lordes, a tragédia que marcou a vida de Ann Ming é trabalhada não pela lógica do true crime e da mente do assassino, mas enquanto drama firmado no ângulo da vítima e da mãe-coragem que se bateu contra as premissas do seu tempo. A solidez da ficção televisiva britânica passa por aqui.

OS ASSASSÍNIOS DE BRESLAU

Onde ver: Disney+

A primeira série original polaca com selo Disney+ entrou tão discretamente no catálogo do streaming que quase passava despercebida. Ambientada na Breslávia, poucas semanas antes dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, os acontecimentos giram em torno de um detetive, Franz Podolsky (que gosta de fazer justiça pelas próprias mãos, como se vê logo na abertura), pressionado pelos nazis a resolver um homicídio brutal que ameaça desestabilizar a imagem e propaganda do Terceiro Reich nessas vésperas do grande evento multidesportivo. Acompanha-se então os movimentos de Podolsky numa teia política que é tanto violência de regime, sob a máscara burocrática, como atmosfera asfixiante.

Com a elegância e capital próprios das produções de estúdio, a que se acrescenta uma certa frontalidade europeia na abordagem dramática, Os Assassínios de Breslau figura como um policial de valores clássicos, em que a modernidade espreita nos detalhes.

JOAN

Onde ver: RTP Play

Os britânicos sabem, de facto, explorar as suas narrativas no pequeno ecrã. Tal como Contra a Lei, este Joan é outra adaptação de um livro de memórias, no caso, da “mais famosa ladra de joias britânica”, que se lançou no ofício por pura necessidade... Estamos na Londres dos anos 1980 e conhecemos Joan Hannington, uma mulher mestre na arte do disfarce, que deixou para trás a vida doméstica, justamente com a intenção de ganhar uma soma de dinheiro suficiente para viver com a filha pequena, longe do pai - enquanto isso não acontece, ela deixa a menina aos cuidados dos serviços sociais, como medida de proteção do pai criminoso, e segue a sua própria linha de “negócio”.

Sophie Turner, atriz de A Guerra dos Tronos, é simplesmente impecável na formulação urbana de um espírito empreendedor que se mistura com a ansiedade maternal, ao longo de seis episódios. A única nomeação que a série teve para os prémios BAFTA, na categoria de Maquilhagem e Penteado, diz quase tudo sobre o prazer visual dos eighties.

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