É esta-sexta-feira, 14 de dezembro, inaugurada a Silence 4 Pop-Up Store, na LX Factory, em Lisboa, e promete, de acordo com a produtora, ser “um espaço de memória e emoção, onde o público é convidado a mergulhar no universo criativo” da banda de Leiria. O DN conversou com o vocalista da banda, David Fonseca, que vê esta instalação, que pode ser visitada até 14 de dezembro, como “uma maneira de mostrar um bocadinho a história dos Silence 4 que ultrapassasse a ideia do concerto e das canções”. Ainda assim, é com quatro concertos que a banda assinala em 2025 os 30 anos de história.O primeiro álbum, intitulado Silence Becomes It, de 1998, vendeu mais de 240 mil exemplares e plasmou na memória de quem tem agora perto de 40 anos de idade músicas como My Friends, Borrow ou Angel’s Song.Apesar do sucesso que a banda conquistou no final dos anos 90, e depois de um longo período afastados fora dos palcos, os Silence 4 - David Fonseca (voz e guitarra), Sofia Lisboa (voz), Rui Costa (baixo), e Tozé Pedrosa (bateria) - ainda continuam a ter músicas “intemporais”, de acordo com o que David Fonseca explicou ao DN, e é também isso que pode ser visto na instalação.“Há uma série de coisas que remetem para a ideia da nossa génese”, promete David Fonseca, enquanto descreve como será aquele espaço que fica gratuitamente disponível para ser visitado pelo público.“Temos uma espécie de reprodução do nosso primeiro local de ensaios, onde vai ser possível ver a forma como ensaiávamos, que era inaudita, porque não tínhamos qualquer elemento de amplificação, portanto, ensaiávamos numa sala muito perto uns dos outros para podermos ouvir o que estávamos a fazer”, explica o cantor.A viagem no tempo leva o público até à aldeia de Reixida, em Leiria, onde os Silence 4 começaram, numa casa que estava vazia. No entanto, o percurso do público por este ambiente agora recriado no centro de Lisboa é também uma viagem sonora, até porque, completa David Fonseca, estará em exposição a primeira maquete da banda.“Conseguimos recuperar uma das primeiras maquetes que foi uma cassete da qual fizemos 200 exemplares, e que está lá em exposição. Cada uma das cassetes foi gravada de cassete para cassete no meu quarto”, relata, aludindo a um método que parece impensável aos olhos da tecnologia atual. Aquela maquete tinha sido gravada no Castelo de Leiria com a produção do baixista da banda, Rui Costa, revelou David Fonseca, vincando a ideia de que o objetivo da instalação é mostrar “como é que uma banda nasce e o que é que está por trás das canções antes de elas serem públicas, antes de seguirem o seu percurso”.Questionado sobre qual é o curso que as suas músicas seguem, se é que há um objetivo por trás, David Fonseca, que também tem uma sólida carreira a solo, admite não ter qualquer objetivo.“Acho que uma das coisas mais interessantes na música é não ter necessariamente um objetivo, mas ter uma espécie de característica abstrata que não pretende especificamente nada. Ela pretende ser uma forma de expressão, mas não implica - pelo menos para mim - pensar no que lhe vai acontecer nem se vai cumprir um objetivo específico”, admite David Fonseca, enquanto assume que “deve ser das poucas coisas na vida” que não lhe surge com um objetivo.Sobre como o público acolhe músicas que fazem 30 anos, David Fonseca descreve-as como algo que “ainda é legítimo hoje”, mas garante não fazer ideia “se chegam ao público novo ou não”, mas calcula que sim, “avaliando pelas pessoas que têm aparecido nestes concertos”.Mas 30 anos de história fazem com que David Fonseca considere que as pessoas sentem uma ligação à banda. Além disso, lembra, Silence 4 “continua a passar na rádio, vai ocupando o espaço público e recentemente passou na série Rabo de Peixe”.David Fonseca, na qualidade de compositor, recusa fazer uma análise da intemporalidade das músicas que escreveu, preferindo aceitar que “essas coisas só se percebem muito depois”. Porém, esta ideia vem acompanhada por um conselho subliminar: “É uma coisa que não deveria preocupar nenhum músico.”Sobre estas músicas “intemporais”, David Fonseca admite também que nunca pensou estar a fazê-las “20 ou 30 anos” depois. “Nunca me passou pela cabeça.”.Silence 4: o que pode trazer um regresso?