A parceria para a conservação e restauro dos oito murais de Almada Negreiros na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, um investimento estimado em cerca de 420 mil euros, foi formalizada esta manhã, dia 10 de dezembro, com a assinatura de um protocolo entre a Administração do Porto de Lisboa (APL) e a World Monuments Fund (WMF) Portugal.Em causa está uma superfície pictórica de 192 m², e também a conservação dos revestimentos pétreos e vítreos do átrio principal da gare, revelam as organizações em comunicado. O projeto também contempla a recuperação, pela APL, do exterior do edifício moderno do arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, e a reabilitação urbana da sua envolvente, "reforçando a ligação entre o porto e a cidade através de um espaço urbano qualificado, mais próximo da comunidade e da vida cultural de Lisboa", lê-se em comunicado. .A recuperação dos murais de Almada nas gares marítimas de Lisboa foi um dos projetos selecionados do programa Watch da WMF, em 2022, desencadeando a partir daí um processo de angariação de financiamento "para a salvaguarda e projeção internacional do mais relevante conjunto de pintura mural do século XX em Portugal".Numa primeira fase, concluída no ano passado, foram restaurados os seis murais de Almada Negreiros na Gare da Rocha do Conde d'Óbidos, num projeto de 410 mil euros. "Um trabalho interdisciplinar de elevada exigência", que envolveu "165 m² de pintura mural restaurados e superfícies pétreas conservadas, segundo padrões internacionais, num processo que uniu investigação académica, laboratórios especializados e equipas de conservação e restauro altamente qualificadas, em estreita articulação com parceiros públicos e privados", segundo o comunicado das entidades. Um processo que está descrito na nova edição dos Cadernos do Porto de Lisboa, que documenta o trabalho científico e técnico realizado. A WMF Portugal também tem atuado ao nível da divulgação deste património, tendo produzido conteúdos para a plataforma Google Arts & Culture, "tornando os murais acessíveis a uma audiência global e reforçando a projeção internacional do projeto".Miguel Horta e Costa, presidente da WMF Portugal, destacou o "modelo virtuoso de convergência entre esforço público e investimento da sociedade civil”. Vítor Caldeirinha, líder da Administração do Porto de Lisboa, disse que "um porto moderno não existe isolado, vive em simbiose com a cidade, dialoga com o seu património e contribui para a coesão social e cultural das comunidades que o rodeiam. É este sentido de responsabilidade partilhada que nos guia: devolver valor". Este ano abriu ao público na Gare Marítima de Alcântara o Centro Interpretativo dedicado à obra mural de Almada Negreiros, numa iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, o Turismo de Lisboa e a APL. .Murais de Almada nas gares marítimas já se podem visitar, mesmo com restauro previsto em Alcântara.A assinatura do protocolo entre a WMF Portugal e a APL contou com a presença do secretário da Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, que sublinhou que «não basta construir novas infraestruturas, temos também de cuidar das que já existem». .A organização americana que está a ajudar a preservar o património português