Mau por um Momento, um filme a abordar em convenções uma ideia de crise da habitação
Mau por um Momento, um filme a abordar em convenções uma ideia de crise da habitação

O momento nada mau de Daniel Soares

A confirmar a bela seleção de filmes nacionais em Cannes, hoje é o momento de 'Bad for a Moment' ('Mau por um Momento'), de Daniel Soares, em competição na seleção oficial das curtas-metragens. Boa surpresa com João Villas-Boas, Isaac Graça e Ana Vilaç
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Por Cannes ainda passa a sombra dos efeitos da viagem asiática de Miguel Gomes em Grand Tour. Cada vez mais, percebe-se que o filme dividiu as opiniões, embora as críticas favoráveis prevalacem – ainda assim, em comparação, longe do estado de graça de Tabu. Mas de Portugal não é só Gomes a concorrer à Palma de Ouro. Hoje é exibido Bad for a Moment- Mau por um Momento, de Daniel Soares, na competição das curtas. Mais um belo momento desta invasão lusa no maior festival do mundo.

Trata-se de um olhar sobre a gentrificação em Portugal. Um arquiteto com um projeto na Margem Sul parece estar a ter problemas de consciência e ainda mais fica quando tenta perceber porque razão o seu carro, um Tesla espampanante, foi vandalizado. São dois mundos que se tocam...E o filme encafua-se por aí, sem clichés, mas com uma curiosidade que não parece formatada. Esta produção da O Som e a Fúria impressiona também pela maneira prática e despachada como avança na narrativa. Daniel Soares é uma boa revelação, tal como o protagonista, João Villas-Boas, ator que regressa a Cannes depois de Fogo Fátuo, de João Pedro Rodrigues, onde tinha um pequeno papel. Sente-se que é um ator que merece ser visto para além do fait-diver de ser irmão de André Villas-Boas, o presidente do F.C. Porto.

O prémio Angéniuex

E já hoje também que acontece uma das tradições em Cannes: a atribuição do Prémio Pierre Angénieux, que todos os anos distingue uma figura de proa da direção de fotografia. O indiano Santosh Sivan foi o escolhido e numa conversa com o DN dizia com um sorriso largo que é uma honra enorme esta distinção, sobretudo após a dimensão dos nomes que o sucederam: de Vilmos Zsigmond a Darius Khondji, passando por Barry Ackroyd ou Roger Deakins.

“Vejo a direção de fotografia como música. Quando estou a iluminar sinto a melodia, a luz vem da composição. E é uma arte universal. É por isso que já trabalhei em Bollywood, Hollywood e na Europa. Todos se entendem”. Esta lenda indiana está neste momento num projeto onde é o realizador, Zuni.

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