Na oportunidade aos jovens valores destacou-se João D'Alva
Os espetáculos de promoção de novos valores, em que os aspirantes a toureiros têm oportunidade para mostrar a evolução da sua aprendizagem técnica e prática, que lhes é ministrada nas Escolas de Toureio a que pertencem (Vila Franca, Moita, Campo Pequeno - Lisboa e La Algaba - Sevilha), são em número razoável para o nosso panorama taurino. A novilhada popular realizada na noite da passada quarta-feira, 12 de setembro, teve em João D'Alva, jovem novilheiro da Escola de Toureio José Falcão, de Vila Franca de Xira, o seu elemento mais destacado.
A cavalo exibiram-se Francisco Correia Lopes e Ricardo Cravidão, ambos a aplicarem conceitos diferentes de toureio, os quais agradaram no geral ao público, sendo que ainda há bastantes arestas a limar. Cravidão sofreu uma queda, felizmente sem consequências. Lidaram dois erales (reses de 2 anos) da ganadaria de Fernandes de Castro que cumpriram, melhor o primeiro da noite.
Os elementos mais jovens dos Forcados do Aposento da Moita cotaram-se com duas boas pegas, ambas ao segundo intento, por intermédio de João Gomes e Fábio Matos.
Como referimos na introdução a esta crónica, João D'Alva foi o mais destacado dos quatro novilheiros. É o que mais tem toureado, em especial em Espanha, o que lhe confere outro estatuto e lhe dá "bagagem" para resolver os problemas. Teve por diante um bom eral de Falé Filipe e, com ele, teve bons momentos de capote, cumprindo com acerto na cravagem das bandarilhas. A faena de muleta teve bons momentos, ao tourear em especial pelo lado esquerdo, em que alguns dos passes foram de muito boa execução.
Rui Jardim (Academia de Toureio do Campo Pequeno) mostrou-se desenvolto com o capote, mas não tão acertado ou feliz com as bandarilhas. A faena de muleta foi de nível razoável, aqui e além salpicada por uns bons passes. Lidou um exemplar de João Ramalho que teve alguma qualidade.
Filipe Martins (Escola de Toureio da Moita) está pouco rodado e o eral de Fernandes de Castro não era fácil, ficando a meio dos passes e em busca do vulto. Esteve esforçado com o capote e deu mostras do seu valor com a muleta, pois foi preciso um toureio mais sobre as pernas do que artístico. O jovem moitense soube estar à altura das circunstâncias.
Para encerrar este espetáculo, apresentou-se Miguel Munõz (Escola de La Algaba - Sevilha) com um eral de Rio Frio que tinha génio. O jovem toureiro, pouco rodado, mostrou decisão ao recebê-lo à porta gaiola com uma larga afarolada, mas logo depois sofreu uma voltareta ao tourear de capote. Com a muleta voltou a sentir dificuldades para sacar os passes, uns melhores do que os outros, mas depois de nova voltareta teve de recolher à enfermaria para ser suturado dum corte num dedo provocado pelo arpão de uma bandarilha.
Dirigiu bem Manuel Gama, assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva.
Síntese da corrida
Reses: Destacou-se a de Falé Filipe, com boas investidas e classe.
Artistas: Em bom plano andou o novilheiro João D'Alva. Todos os artistas deram volta à arena no final das lides.
Forcados: Os Amadores do Aposento da Moita deram voltas aplaudidas nas suas pegas e a primeira pega foi muito vistosa.