Mosteiro dos Jerónimos está fechado. Todos os seis funcionários em greve

O Mosteiro dos Jerónimos - o monumento mais visitado do país - devia ter aberto portas às 10.00, mas está fechado. Os seus seis funcionários aderiram a uma greve à primeira hora.
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Esta quinta-feira de manhã, como anunciado, o Mosteiro dos Jerónimos não abriu. A adesão à greve é de 100%. Todos os seis funcionários reivindicam melhores condições de trabalho. À porta, contam ao DN como se comprometem a levar a greve parcial até domingo, dia 28, e a participar na grave da função pública durante todo o dia de sexta-feira.

"Isto é uma situação extrema e limite, de total exaustão dos trabalhadores. Aqui entram por dia 4 mil pessoas e não há condições de higiene e de trabalho", diz Catarina Simão do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e regiões autónomas.

Assistentes técnicos, funcionários das bilheteiras e vigilantes de sala queixam-se da falta de condições de higiene, impedimento de tirar dias de férias ou descanso e atraso no pagamento de trabalho extra. No Mosteiro dos Jerónimos não recebem horas extras desde maio, disse a representante do Sindicato.

É também do Mosteiro dos Jerónimos que vêm queixas de falta de higiene. Os funcionários queixam-se de ter encontrado ratos mortos no local de trabalho. Os roedores existem também na Torre de Belém e não há desinfestação. "Eu já vi ratos a passar por entre as pernas dos visitantes", disse Paulo Medeiros, funcionário do mosteiro e da Torre de Belém.

Jerónimos, Torre de Belém e Museu de Arqueologia de portas fechadas

A paralisação acontece no Mosteiro dos Jerónimos, na Torre de Belém e também no Museu de Arqueologia, que também funciona no Mosteiro dos Jerónimos, e onde, dizem os funcionários ao DN, não há limpeza ao domingo. Os funcionários não têm casa de banho e têm de ir à dos visitantes.

No Museu de Arqueologia a adesão à greve na primeira hora de funcionamento da instituição é de 75%, disse Bruno Lopes, que trabalha nesta instituição, e que esta manhã está a distribuir panfletos em português, inglês, espanhol e francês à porta do Mosteiro dos Jerónimos.

"Em primeiro lugar, por solidariedade com os meu colegas do Mosteiro e da Torre de Belém, porque estão numa situação mais crítica do que a nossa, mas estamos a passar por situações idênticas. Há muita procura e não conseguimos responder".

Completa Paulo Medeiros: "Estes monumentos abrem todos os dias com o sacrifício dos funcionários e são os mais visitados do país".

Grupos desistem

Estão mais de 500 pessoas na fila e há gente a desistir - a fila, compacta, passa a porta sul do Mosteiro dos Jerónimos, isto é, a entrada do Museu de Arqueologia.

Uma guia turística que acompanhava um grupo de turistas russos, com quem o DN falou, criticou não ter sido informada do encerramento do monumento. Outro grupo, maioritariamente composto de brasileiros também pôs de parte a intenção de visitar o monumento e deixou os Jerónimos.

Mas a espanhola Sheila Almeida, que tem à sua frente 150 pessoas, não está preocupada com o tempo de espera, tal como a maioria das pessoas na fila. "A greve não causa transtorno nenhum. Não estamos nada chateados, Só estamos aqui há uma hora. A greve é um direito dos trabalhadores e estamos com eles", diz a turista das Canárias, ao lado do marido.

Tal como previsto, às 11h as portas do monumento manuelino do século XVI abriram para começar a receber os visitantes, que não se mostraram incomodados com o protesto dos funcionários, quando conseguiram chegar à bilheteira.

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