Os funcionários do Museu do Louvre, em Paris, marcaram greve a partir desta segunda-feira, 15 de dezembro, que poderá prolongar-se pelos dias seguintes, em protesto contra as condições de trabalho e a falta de recursos.O aviso de paralisação surge num contexto de forte controvérsia devido ao estado de degradação de algumas das suas instalações e ao roubo das joias da coroa da França, ocorrido em outubro.“Há tal nível de exasperação que tudo indica que as condições estão reunidas para uma greve muito forte”, afirmou este domingo à televisão BFMTV o representante da Confederação Geral do Trabalho (CGT) no Museu do Louvre, Christian Galani, cujo sindicato é um dos que convocaram a greve, juntamente com a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) e o grupo de sindicatos Solidários, Unitários e Democráticos (SUD).Galani sublinhou a necessidade de “priorizar, de estabelecer uma hierarquia de medidas de emergência que devem ser implementadas”, defendendo a necessidade de se focarem “no essencial, ou seja, o estado ruinoso do edifício e a segurança da instituição”.Além disso, o dirigente sindical salientou que, nos últimos 15 anos, foram eliminados mais de 200 postos de trabalho no Museu do Louvre, enquanto o número de visitantes se multiplicou, tornando-o o mais visitado do mundo.Nesse sentido, Galani assinalou que os sindicatos se opõem ao “sistema de preços diferenciados” que o museu irá aplicar dentro de um mês, considerando que “cria uma discriminação inaceitável entre os cidadãos do Espaço Económico Europeu e os demais”.A partir de 14 de janeiro, o preço para residentes fora do Espaço Económico Europeu aumentará de 22 para 32 euros, ou seja, um aumento de 45%.Uma decisão que a ministra da Cultura, Rachida Dati, justificou, defendendo que “os visitantes que não são da UE paguem mais pela sua entrada e que essa sobretaxa sirva para financiar a renovação do património nacional”.Por sua vez, o Ministério da Cultura anunciou hoje num comunicado que encarregou o presidente da instituição pública Reconstruir Notre Dame, Philippe Jost, de realizar uma missão de dois meses para propor “as medidas e mudanças necessárias para enfrentar os desafios identificados e fortalecer o património do maior museu do mundo”.Jost, que atuará sob a supervisão da presidente do Museu do Louvre, Laurence des Cars, e em estreita colaboração com o pessoal do museu e a Direção-Geral do Património e Arquitetura do Ministério da Cultura, terá de apresentar as suas recomendações iniciais no final de fevereiro de 2026.Este anúncio surgiu na véspera do início da greve no Louvre, que foi convocada um dia depois de se saber que, no passado dia 27 de novembro, várias centenas de livros antigos foram danificados por uma inundação causada pela avaria de algumas tubagens cujo estado de degradação era conhecido na biblioteca de antiguidades.Em 17 de novembro, o museu fechou um espaço de escritórios e, por precaução, uma galeria de antiguidades gregas localizada abaixo, após ter detetado problemas de fragilidade em algumas das vigas dessa área do complexo.Mas o que gerou mais controvérsia nas últimas semanas foi o espetacular roubo de que o museu foi alvo em 19 de outubro, no qual ladrões acederam à galeria de Apolo por um elevador de carga e levaram joias da coroa da França, em plena luz do dia.Os quatro membros do bando foram detidos, mas as joias não puderam ser recuperadas..Inundação danifica obras e documentos antigos do Museu do Louvre.Roubo no Louvre foi obra de “criminosos locais, não de máfia organizada”