Todos os anos, as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau contam com equipas de diferentes países.
Todos os anos, as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau contam com equipas de diferentes países.D.R. / Macao Daily News

Festival do Barco-Dragão: uma festa celebrada com a corrida de barcos-dragão e o consumo de Zongzi

O Festival do Barco-Dragão, uma festividade tradicional chinesa, recai este ano a 10 de junho. Neste dia, presta-se homenagem ao grande poeta Qu Yuan, com as tradições principais do consumo de Zongzi e uma corrida destes barcos que invocam a mítica figura.
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O Festival do Barco-Dragão, também conhecido como a Festa de Duan Wu, é celebrado anualmente no quinto dia do quinto mês do Calendário Lunar, sendo um dos quatro principais festivais tradicionais chineses, a par do Ano Novo Chinês, do Festival Qingming e do Festival do Meio do Outono.

Existem várias versões sobre a origem do Festival do Barco-Dragão, e a mais popular é para comemorar Qu Yuan, um poeta do Reino de Chu durante o Período dos Estados Combatentes (476 a.C. - 221 a.C.). Qu Yuan era de uma família nobre. Com apenas 22 anos, já ocupava o cargo de ministro no Reino de Chu, e discutia frequentemente os assuntos políticos com o rei.

O jovem defendia uma política de “governança virtuosa”, que preconizava o uso prioritário de sábios talentosos, a aplicação rigorosa das leis e a exigência de integridade moral aos funcionários públicos. No entanto, o ambiente político da época era corrupto, e o rei, enganado por calúnias, exilou Qu Yuan para terras longínquas.

Incapaz de mudar a situação, Qu Yuan expressou a sua tristeza e preocupação com o reino e o povo através da poesia. Li Sao (Às do Encontro da Tristeza), a obra mais conhecida de Qu Yuan, narra a sua vida, aspirações e infortúnios, revelando um profundo sentimento patriótico. Em 278 a.C., ao ver desesperadamente o Reino Chu conquistado pelo Reino Qin, Qu Yuan atirou-se ao rio em tristeza e acabou por morrer.

Preocupado que corpo de Qu Yuan pudesse ser comido por peixes, o povo local foi em barcos à sua procura, mas não o encontrou. Por isso, lançou bolinhos de arroz à água para que os peixes os comessem e não tocassem no corpo do poeta. Com o passar do tempo, estas práticas tornaram-se as tradições do Festival do Barco-Dragão, em que se presta homenagem à integridade moral e ao sentimento patriótico de Qu Yuan, nomeadamente com a corrida destes barcos típicos e o consumo de Zongzi (bolinhos de arroz glutinoso embrulhados em folhas de bambu).

Arroz glutinoso e respetivo recheio são os principais ingredientes do Zongzi, embrulhados em folhas de bambu. FOTO: D.R. / Macao Daily News

O Zongzi é um alimento tradicional indispensável durante o Festival do Barco-Dragão. Consiste em arroz glutinoso recheado com diferentes sabores, envolto em folhas de bambu, sob várias formas, e cozido a vapor. Devido a diferentes hábitos alimentares regionais, os sabores variam muito entre o norte e o sul da China.

No norte, os recheios são geralmente doces, com tâmaras secas vermelhas e pasta de feijão encarnado. Enquanto no sul, o Zongzi é salgado, recheado com a carne.

Em Macau, por exemplo, os tipos mais comuns são o Xian Rou Zong (Zongzi com carne de porco salgada) e o Gwo Zing Zong (Zongzi cozido a vapor), com diferentes ingredientes de sabor salgado intenso, como a carne de porco, feijão-mungo e gema de ovo salgada.

Além disso, como o festival ocorre durante os dias quentes do verão, uma época em que as pragas apareciam, as pessoas costumam usar saquinhos de ervas aromáticas e pendurar à porta ervas medicinais para repelir insetos e prevenir doenças.

Outra versão sobre a origem do festival está relacionada com o dragão, um elemento essencial na cultura tradicional chinesa. Segundo a tradição, o festival é um dia dedicado à adoração e ao culto do dragão. Os barcos usados nas corridas são chamados barcos-dragão, e os Zongzi lançados nos rios são comidos pelo Jiaolong (dragão aquático).

A imagem mostra a frase em chinês: “Duan Wu An Kang” (Bom Festival do Barco-Dragão), que é uma das saudações mais comuns durante esta fets tradicional. FOTO: D.R. / Macao Daily News

O dragão é um símbolo do poder auspicioso e, para os antigos chineses, a veneração deste mítico animal tinha a função de afastar o mal e prevenir epidemias. Nos tempos modernos, a corrida de barcos-dragão passou a ser um desporto cada vez mais competitivo e fez parte das modalidades oficiais nos Jogos Asiáticos de 2010, em Guangzhou.

Hoje em dia, as competições de barcos-dragão são realizadas durante o festival por toda a China.

Em 2009, o Festival do Barco-Dragão tornou-se o primeiro festival chinês a ser incluído na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade. Com a intensificação das trocas culturais entre a China e o resto do mundo, os costumes e tradições do Festival do Barco-Dragão têm sido amplamente difundidos. Os imigrantes chineses nos países estrangeiros, bem como entusiastas da cultura chinesa, celebram o festival através das corridas de barcos-dragão, integrando-as com a cultura desportiva local e promovendo assim o intercâmbio cultural.

Em 2020, o Festival do Barco-Dragão e as suas corridas foram também incluídos na lista do Património Cultural Imaterial de Macau. As competições internacionais de barcos-dragão realizam-se em Macau todos os anos durante o feriado do Festival do Barco-Dragão, e neste ano decorrerão de 8 a 10 de junho, no Lago Nam Van, frente à Avenida da Praia Grande.

INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS

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