Mabel, Oliver e Charles: sempre prontos para investigar.
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Entre temporadas, novidades e ressurreições: cinco séries para a rentrée

Nem só de Emmys se faz a boa ficção televisiva – embora uma destas séries até esteja nomeada (a cerimónia decorre no domingo). Setembro traz também produções europeias, da Islândia à Suécia. 
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HOMICÍDIOS AO DOMICÍLIO (Disney+) 

A melhor série de “cozy crime” está de volta, e, desta vez, brinca-se às máfias. Que é como quem diz: os mestres do podcast de true crime Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez arregaçam as mangas para investigar o assassinato do velho porteiro do Arconia (edifício ainda com segredos por revelar, qual tesouro histórico da vida de Manhattan) e veem-se envolvidos numa rede de pistas que definem esta quinta temporada de Only Murders in the Building como uma revisitação do tema da máfia, entre lavandarias e casinos secretos. Como sempre, o charme da criação televisiva de Steve Martin e John Hoffman passa pelo atrevimento do humor negro, a dinâmica aventureira do trio principal, e, mais recentemente, pela exploração criativa de um contexto, para além de estrelas convidadas. Depois da Broadway e de Hollywood, os Corleones de trazer por casa animam então dez novos episódios cheios de graça nova-iorquina. 

Em estreia no Disney+, Homicídios ao Domicílio está nomeada para sete Emmys, entre os quais, melhor série de comédia e melhor ator (Martin Short). 

DEXTER: RESURRECTION (SkyShowtime) 

No início do ano tivemos Dexter: Original Sin, uma prequela que desvendava os primeiros impulsos sombrios da icónica personagem criada por Jeff Lindsay. Agora temos a sequela de Dexter (2006-2013) e Dexter: New Blood (2021-2022), que acompanha Michael C. Hall/Dexter Morgan num novo capítulo sangrento, poucas semanas após ter sido alvejado pelo próprio filho, Harrison. Definitivamente longe do seu território de origem, Miami, o assassino em série mais estimado da televisão americana segue para Nova Iorque (depois de “ressuscitar” de um coma), atrás do primogénito, enquanto se debate com as questões morais de uma herança interior, que o faz conviver em permanência com fantasmas e alucinações.  

O passado anda à caça, pois claro, e só a união de esforços pode salvar pai e filho... Uma coisa é certa: Michael C. Hall está em grande forma, e os ares da cidade que nunca dorme não desiludem nem um bocadinho. Estreia esta sexta-feira, dia 12, na SkyShowtime. 

VIGDÍS, A PRIMEIRA PRESIDENTE (Filmin) 

Vinda diretamente da Islândia, esta minissérie de quatro episódios narra o percurso de Vigdís Finnbogadóttir (n.1930), a primeira mulher do mundo a ser eleita democraticamente presidente de um país – proeza reforçada pela sua popularidade, que a tornou também a chefe de estado eleita com mais tempo de serviço na História (16 anos consecutivos). Um conto de sucesso? Bem, o final feliz é mais do que garantido, e cheio de comoção, mas a biografia que se expõe de Vigdís, ao longo de quatro partes, é tudo menos um currículo engomado, como aquele que apresentam os candidatos homens às eleições de 1980 (o ano da sua vitória inédita). Entre licenciaturas frustradas em Grenoble e Paris (Sorbonne), abortos espontâneos e um divórcio, estamos a falar ainda da primeira mulher solteira autorizada a adotar um bebé na Islândia.  

No fundo, trata-se de um improvável caminho para o grande triunfo, com várias derrotas pelo meio. Vigdís, a Primeira Presidente fica disponível na Filmin a partir de dia 16. 

INFIEL (TVCine Edition) 

Não há dúvida de que o fantasma da “intimidade segundo Ingmar Bergman” continua a pairar sobre a ficção televisiva. Em 2021, Hagai Levi pegou no texto de Cenas da Vida Conjugal para criar um excelente drama com Jessica Chastain e Oscar Isaac; agora, Tomas Alfredson (realizador de A Toupeira) assina seis episódios baseados num argumento que o cineasta escreveu, mas nunca chegou a realizar – quem levou Infiel ao grande ecrã, em 2000, foi antes uma das suas musas, Liv Ullmann, que convidou o ator Erland Josephson a prolongar nele a presença espiritual de Bergman.  

Assim, a minissérie sueca que estreia na próxima segunda-feira, no TVCine Edition (22h10) e TVCine+, surge como uma nova ramificação ficcional das experiências de Bergman, ou não fosse a personagem desta história inspirada no próprio... Num ziguezague entre passado e presente, conhecemos David, um realizador septuagenário que reencontra Marianne, a mulher do seu melhor amigo, com quem viveu um secreto e intenso caso amoroso décadas antes. Que efeito tem o tempo na mescla de sentimentos de culpa e desejo? Eis o que se procura responder. 

ISTO VAI DOER (RTP Play) 

Vencedora de quatro BAFTAS (incluindo melhor ator, para Ben Whishaw), This Is Going to Hurt é uma minissérie de 2022 que o canal RTP2 transmitiu no mês passado, sem pré-aviso sonante. E este justificava-se: estamos perante uma das mais notáveis estreias televisivas do ano, que toma a ala de obstetrícia e ginecologia de um hospital londrino como centro de uma caótica reflexão existencial, protagonizada por um médico, Adam Kay (Whishaw), que não consegue ter vida para além da sala de partos. 

Baseada no livro de memórias do próprio obstetra e ginecologista que tenta sobreviver ao longo de sete episódios, este é um drama de urgência delirantemente bem escrito, com diálogos que parecem granadas de humor sem tempo reativo, tal é o choque de energia e exaustão de quem veste batas azuis o dia inteiro... 

A totalidade dos episódios está agora disponível no serviço de streaming RTP Play. 

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