Ensino articulado de Teatro arranca no próximo ano letivo

Publicação de portaria abriu portas a uma reestruturação no sistema académico e à inclusão e acreditação de escolas de Ensino Artístico Especializado de Teatro.
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Os alunos do Ensino Básico, do 5.º ao 9.º ano, vão poder frequentar o Curso Básico de Teatro, em ensino articulado, à semelhança do que já acontece com a música, a dança ou o canto gregoriano. A portaria produz efeitos a partir do ano letivo 2022/2023, para os estudantes de 5.º e 7.º ano; 2023/2024, para os de 6.º e 8.º ano e, em 2024/2025, chega aos alunos do 9.º ano de escolaridade.


O projeto-piloto do Curso Básico de Teatro (CBT) arrancou em 2017 e englobou cerca de 400 alunos e as suas famílias, num trabalho de parceria da ACE (escola promotora) e entidades como a Universidade do Porto, autarquias, o centro de investigação CITCEM e associações de pais, entre outras. Este ano letivo, o CBT conta com cerca de 600 alunos a frequentar o curso. Muitos destes alunos deverão continuar os estudos, agora em regime de ensino integrado ou articulado, nas escolas onde o curso está já implementado em regime livre.

Sílvia Correia, autora e responsável pelo projeto piloto do Curso Básico de Teatro (CBT), conta ao DN que o projeto se desenvolveu no âmbito do seu doutoramento em contexto de investigação-ação "o que permitiu um olhar atento, cauteloso e científico por parte do centro de investigação CITCEM e da Faculdade de Letras da Universidade do Porto". A também atriz e professora na ACE-Escola de Artes, explica que "neste momento, a escola promotora do curso, a ACE, se prepara junto da Dgeste para se criarem as condições necessárias à abertura do curso em regime Integrado e Articulado e poder ter já o curso a funcionar nestes regimes no início do próximo ano letivo".

"O curso abre as portas a novas reformas, nomeadamente à criação de escolas de Ensino Artístico especializado de Teatro que não poderiam existir sem a prévia homologação deste curso, assim como a qualificação e respetivo código de recrutamento de professores que está a ser também preparado com o ensino superior. Neste momento, os professores de Teatro não são elegíveis num concurso público como profissionais das suas respetivas áreas de formação. Mas estamos a abrir esses caminhos e o trabalho que está a ser desenvolvido em rede com as escolas e a tutela tem sido fundamental para que em breve tenhamos as mesmas condições e regalias que o ensino da música, da dança ou das artes plásticas", esclarece.

As 15 escolas que integraram a oferta do curso básico de teatro em regime livre nos municípios de Famalicão, Braga, Porto, Vila do Conde, Santo Tirso e Lisboa (Agrupamento de André Soares e Alberto Sampaio em Braga; o Agrupamento de escolas de Pedome e o D. Maria II em Famalicão e o Agrupamento de escolas do Infante no Porto) terão prioridade para dar continuidade à formação dos alunos que já frequentam esta oferta em regime livre e que passarão a frequentar em regime articulado ou integrado. "Temos ainda duas outras escolas que, a par da ACE, também se preparam como escolas de Ensino artístico especializado de teatro onde este ano o curso já decorre em regime livre: a escola de música da Vila e o Conservatório Silva Marques em Alhandra-Lisboa", conta Sílvia Correia.

Segundo Sílvia Correia, a equipa que fez parte do projeto piloto tem formação para lecionar o CBT, mas a qualificação dos professores para lecionar no CBT está ainda a ser projetada com o Ensino Superior. "Esta futura pós-graduação ou mestrado na via do ensino das artes teatrais deverá qualificar o professor para a lecionação e respetivo código de recrutamento para efeitos de contratação. Pretende-se desta forma, com este curso, proporcionar aos artistas profissionais de teatro uma carreira na docência paralela à artística, criando alguma estabilidade nas suas vidas profissionais", refere.

Para a atriz, o CBT prevê "não só uma melhoria na qualidade dos futuros intérpretes, mas também uma mudança de paradigma e mentalidade social, já observada aquando do projeto piloto". "O CBT proporciona uma consolidação das aprendizagens mais coesa e dinâmica com metodologias inovadoras e contribui para o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória assemelhando-se nos mesmos princípios, visões e valores de atuação nomeadamente na prática de cidadania, de responsabilidade social, no desenvolvimento do pensamento crítico, analítico e lateral, no raciocínio e resolução de problemas; no relacionamento interpessoal, no bem estar físico e mental, no desenvolvimento da autonomia, na sensibilidade estética e artística, entre outros", conclui.

dnot@dn.pt

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