Corrida de gestos a abrir a Feira da Moita 2018

O crítico taurino António Lúcio faz a crónica da corrida que abriu as festas da Moita, nesta terça-feira.

Bom espetáculo tauromáquico, aquele que abriu a Feira Taurina da Moita 2018, com gestos que o marcaram em definitivo. Gestos cavalheirescos, de grande significado, entre as gentes do toiro e os aficionados que marcaram presença em número considerável. Desde logo, o aplauso ao matador espanhol Manuel Escribano em reconhecimento à sua reaparição na Moita, após grave colhida em Espanha; depois, o brinde de Nuno Casquinha ao seu alternante; ainda o brinde de Escribano ao matador moitense Luís Procuna (atual professor da Escola de Toureio da Moita) e, finalmente, a partilha do último tércio de bandarilhas entre o matador Nuno Casquinha e o bandarilheiro Pedro Gonçalves, que este ano se despede das arenas.

Um bom curro de toiros, que veio das alentejanas planícies do Redondo, ostentando ferro e divisa da ganadaria Falé Filipe, veio a permitir o brilho dos três toureiros face às qualidades que os toiros demonstraram, com destaque para o saído em segundo lugar, com uma investida de muita classe, sempre por baixo e a perseguir os voos da muleta repetindo as investidas. Em termos de apresentação e trapio, nota superior para estes toiros.

Um único cavaleiro, Vítor Ribeiro, lidou o primeiro e o quarto, com duas lides que tiveram motivos de interesse nas preparações e na forma como abordou as sortes e cravou a ferragem da ordem, rematando a sua segunda atuação com dois ferros de muito boa nota.

Pegaram estes dois toiros destinados à lide a cavalo os forcados Amadores da Moita, com o primeiro forcado de cara, Filipe Correia, a não estar bem e a consumar apenas à terceira a sesgo e com ajudas muito carregadas. O quarto da ordem foi superiormente pegado por Fábio Silva, muito bem a citar de largo, a mandar na investida, a recuar e a fechar-se no momento certo, suportando depois alguns derrotes mas a superar-se com imensa garra e o grupo a ajudar bem.

Reapareceu, e em bom plano, o matador espanhol Manuel Escribano. Boas prestações com o capote e as bandarilhas e uma faena de muleta de elevado quilate frente ao bom segundo toiro da tarde. Quer pelo lado direito, quer pelo esquerdo, sucederam-se os passes com imensa qualidade, largos e profundos, com sabor e com saber. Aproveitou ao máximo as qualidades do toiro e concebeu uma excelente faena de muleta. No quinto da ordem, que exigia um pouco mais e não repetia as investidas com tanta qualidade, voltou a estar bem e a proporcionar bons momentos aplaudidos pelo público.

Nuno Casquinha, que foi volteado de má forma, num quite de capote no toiro de Escribano, apresentou-se em bom plano no seu primeiro: quer de capote, quer com as bandarilhas. Boa faena de muleta, metendo bem o toiro na rubra flanela, correndo bem a mão para que os passes tivessem outra e melhor expressão. Entendeu bem o toiro e sacou-lhe o melhor partido. Voltou a estar bem no que encerrou praça e ao qual sacou meritória faena de muleta.

Dirigiu bem Pedro Reinhardt, assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva.

Síntese da corrida:

Toiros: de Falé Filipe, de excelente apresentação, a cumprirem no geral e com destaque, pelas suas excelentes qualidades, o saído em 2º lugar.

Artistas: O cavaleiro Vítor Ribeiro (volta no final das lides); Manuel Escribano (volta e volta) e Nuno Casquinha (volta e volta). Ovação para o bandarilheiro Pedro Gonçalves.

Forcados: Amadores da Moita, ambos deram voltas aplaudidas por Filipe Correia, sendo Fábio Silva chamado aos médios após a sua volta com o cavaleiro.

*As voltas à arena no final das lides são concedidas pelo diretor de corrida como prémio à qualidade da performance artística dos intervenientes ou pela bravura dos toiros.

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