Jim Jarmusch (nascido em Cuyahoga Falls, Ohio, em 1953) é um dos autores americanos que mais e melhor pode simbolizar o conceito e a prática de cinema independente.
Jim Jarmusch (nascido em Cuyahoga Falls, Ohio, em 1953) é um dos autores americanos que mais e melhor pode simbolizar o conceito e a prática de cinema independente. Foto: DR

Cinco filmes para (re)descobrir Jim Jarmusch

Agora premiado com o Leão de Ouro do Festival de Veneza, o americano Jim Jarmusch é há várias décadas um símbolo exemplar do conceito e da prática de cinema independente.
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Já com uma longa e prestigiosa lista de distinções internacionais, Jim Jarmusch (nascido em Cuyahoga Falls, Ohio, em 1953) é um dos autores americanos que mais e melhor pode simbolizar o conceito e a prática de cinema independente. O que, bem entendido, nunca o impediu de lidar com actores e actrizes que pertencem à linha da frente da produção internacional — lembremos, por exemplo, o filme de vampiros Só os Amantes Sobrevivem (2013), com Tilda Swinton, John Hurt e Jeffrey Wright. O certo é que o seu trabalho sempre se distinguiu pela procura de formas narrativas distantes das regras do “mainstream”, mesmo lidando com temas e géneros do imaginário popular de Hollywood.

Agora consagrado com o prémio mais importante da sua carreira — Leão de Ouro de Veneza para Father Mother Sister Brother, com Adam Driver, Cate Blanchett e Vicky Krieps —, Jarmush é um cineasta cuja trajectória vale a pena (re)descobrir. Eis cinco hipóteses, incluindo algumas das mais esquecidas.

SEMPRE EM FÉRIAS (1980)

Permanente Vacation no original, foi a estreia de Jarmusch na realização. Há nele qualquer coisa do espírito americano “on the road”, mas com uma componente paradoxal que está longe de ser secundária: esta é uma antologia dos encontros e desencontros de um jovem em cenários culturalmente marginais de Nova Iorque — na banda sonora, o rock “indie” dá o tom.

PARA ALÉM DO PARAÍSO (1984)

Com este filme multipremiado — incluindo a Câmara de Ouro de Cannes e o Leopardo de Ouro em Locarno —, Jarmusch tornou-se uma verdadeira figura de culto da produção internacional (estatuto que nunca perdeu). No original Stranger Than Paradise, nele reencontramos o espírito novaiorquino que se exprime através de pequenas aventuras existenciais, cruzando dramatismo e ironia.

THE LADY DON’T MIND (1985)

Dura um pouco menos de quatro minutos, mas, à sua maneira, não deixa de ser um objecto cinematográfico. Sempre seduzido pela energia de um rock criativo, também de espírito independente, Jarmusch experimentou várias vezes a realização de telediscos, neste caso colaborando com os Talking Heads — a canção, The Lady Don’t Mind, pertence a Little Creatures, sexto álbum de estúdio da banda de David Byrne.

CAFÉ E CIGARROS (2003)

Café e Cigarros serviu de título a várias curtas-metragens que Jarmusch foi realizando a partir de 1986, centradas em conversas mais ou menos surreais pontuadas pelo consumo de... café e cigarros. Até que, em 2003, decidiu reunir e ampliar os títulos acumulados, gerando uma “comédia da vida” habitada por insólitas personagens. Entre os intérpretes está Tom Waits, também no elenco do filme que agora venceu o Festival de Veneza.

PATERSON (2016)

Talvez um dos filmes mais perfeitos de Jarmusch — Adam Driver, também no elenco de Father Mother Sister Brother, interpreta um motorista dos transportes públicos da cidade de Paterson numa crónica do quotidiano que, a pouco e pouco, se vai transformando num conto moral sobre a beleza dos pequenos detalhes que a existência humana pode conter. Até porque o motorista, também de nome Paterson, é um escritor de poemas.

Jim Jarmusch (nascido em Cuyahoga Falls, Ohio, em 1953) é um dos autores americanos que mais e melhor pode simbolizar o conceito e a prática de cinema independente.
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