"Foi uma noite magnífica. Celebrámos Bizet e Vasco da Gama com casa cheia, excelência artística e uma energia contagiante! Estão de parabéns todos os artistas e equipas técnicas que nos proporcionaram este concerto memorável numa ocasião histórica. Esta edição do Festival de Ópera de Óbidos não poderia ter começado melhor. A grande adesão e entusiasmo do público reforça o nosso objetivo em descentralizar a ópera em Portugal e contribuir para desenvolver a lírica nacional. Ansiosa pelos próximos espetáculos", diz a soprano Carla Caramujo, diretora artística deste festival que se iniciou no sábado, dia 6 de setembro, e decorre até sábado, 21.A Gala Bizet decorreu no Parque Tecnológico de Óbidos e homenageou o compositor francês, nos 150 anos da sua morte. Ouviram-se árias de Carmen, de Os Pescadores de Pérolas e de La Jolie Fille de Perth, e também a Ode Sinfónica Vasco da Gama, que foi o momento alto da noite. Esta Ode dedicada ao navegador português que em 1498 descobriu o caminho marítimo para a Índia é a primeira parte de uma ópera que o compositor francês nunca chegou a completar. O Palazzetto Bru Zane, de Veneza, editou já em 2025 esta obra, tendo encomendado uma revisão da partitura, que foi utilizada agora no Festival de Ópera de Óbidos.Em entrevista ao DN publicada em vésperas do início do festival, a diretora artística relembrou que não foi apenas Bizet a inspirar-se em Vasco da Gama, pois o alemão Meyerbeer tem uma ópera sobre o navegador, a famosa L’Africaine. E uma edição crítica da Ricordi recuperou mesmo o título original com o nome do navegador, explicou então Carla Caramujo.A audiência em Óbidos deliciou-se com o canto de Cláudia Ribas, Beatriz Maia, João Fernandes e Marco Alves dos Santos, acompanhados pela Orquestra de Câmara Portuguesa e pelo Coro Sinfónico Lisboa Cantat. O Festival de Ópera de Óbidos, cuja edição deste ano é dedicada à Tolerância e Irreverência, prossegue nos dois próximos fins de semana, com dois Double Bill, ou seja, programas duplos. A 13 e 14 de setembro podem ser vistas A Menina, o Caçador e o Lobo, de Vasco Mendonça, e L'Enfant et les Sortilèges, de Maurice Ravel. A 20 e 21 de setembro, é a vez de Il Segreto di Susanna, de Ermanno Wolf-Ferrari, e El Amor Brujo, de Manuel de Falla. Em ambos os casos, os espetáculos realizam-se no Convento de São Miguel. O festival inclui ainda o Recital Jovens Talentos, dia 11, no Museu Abílio de Mattos e Silva, e o Café Europa, dia 17..“Vamos ter em Óbidos a ‘Ode Sinfónica Vasco da Gama’, de Bizet”.Mariagrazia Russo: “O mito de Vasco da Gama deve-se muito a Luís de Camões”